PF cumpre mandados contra fundador da Havan, CEO da Multiplan, presidente do conselho da Tecnisa e outros 5 empresários

Operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes após reportagem revelar que grupo discutia apoio a golpe de Estado se Lula vencesse as eleições

Marcos Mortari

Policiais Federais realizam operação (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Policiais Federais realizam operação (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

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A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (23), mandados de busca e apreensão contra oito empresários que, em um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp, falaram sobre um “golpe de Estado” caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a disputa pelo Palácio do Planalto em outubro deste ano.

A ação ocorre em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. E foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é relator do Inquérito das Fake News e acaba de assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os mandados são cumpridos uma semana após o site “Metrópoles” revelar que empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, falaram sobre um golpe de Estado se Lula vencer as eleições presidenciais.

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Entre os alvos da operação estão os empresários José Isaac Peres, CEO da Multiplan (MULT3), Meyer Nigri, presidente do conselho de administração da Tecnisa (TCSA3), e Luciano Hang, fundador da Havan.

Veja a lista completa:

Procuradas, a operadora de shoppings de alta renda Multiplan, a construtora Tecnisa e a Havan não responderam imediatamente a pedido de comentários. A reportagem ainda não conseguiu contato com os demais empresários envolvidos na operação.

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Além dos mandados de busca e apreensão, foi autorizado bloqueio das contas bancárias dos envolvidos, bloqueio das contas de cada um nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário.

A reportagem do site “Metrópoles” revelou algumas trocas de mensagens entre os empresários no grupo de WhatsApp. Eis um dos trechos destacados a partir de dialogo ocorrido em 31 de julho, conforme apuração do veículo:

Morongo: “O 7 de Setembro está sendo programado para unir o povo e o exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o exército está. Estrategia top e o palco será o Rio a cidade ícone brasileira no exterior [sic]. Vai deixar muito claro”;

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Ivan Wrobel: “Exatamente isso!”;

José Koury: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”;

Afrânio Barreira Filho: Reage à mensagem de Koury com uma figurinha com o sinal positivo.

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Morongo: “Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”;

Luiz André Tissot: “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo, 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”;

José Isaac Peres: “Lula só ganha se houver fraude grossa!”;

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Ivan Wrobel: “Quero ver se o STE [sic] tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público.”

Investigadores apuram indícios de uma organização criminosa, de atuação digital, que se articularia em núcleos político, de produção, de publicação e de financiamento, com a finalidade de atentar contra a democracia.

Nos bastidores, o novo episódio é visto com potencial para tensionar novamente as relações entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes às vésperas dos atos do 7 de Setembro.

Um ano atrás, o mandatário chamou o magistrado de “canalha” em manifestação com apoiadores, em meio aos embates travados no âmbito do Inquérito das Fake News no Supremo, e chegou a insinuar a possibilidade de não cumprir decisões judiciais.

(com Reuters)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.