Presidente da CPI diz que comandante do Exército quer esclarecer atuação de militares em 8 de janeiro

Arthur Maia afirmou que militares tiveram papel fundamental para a democracia e que a "condição individual de alguns membros" não diminui a Forças Armadas

Reuters

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Após se reunir com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Múcio, o presidente da CPI mista do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou, nesta quarta-feira (23), que o chefe da força terrestre lhe disse que quer que a eventual participação de militares nos atos antidemocráticos seja esclarecida pela investigação parlamentar.

Falando a jornalistas após o encontro, Arthur Maia também afirmou que o comandante do Exército não tratou da possibilidade de convocação de militares para prestarem esclarecimentos à comissão.

“Não houve por parte do comandante do Exército, em nenhum momento, nenhuma sinalização que convocasse A ou deixasse de convocar B”, disse ele, em entrevista após o encontro.

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“Pelo contrário, o que foi me afirmado o tempo inteiro é que o que importa ao Exército é que tudo seja esclarecido para mostrar que a instituição, de fato, luta, trabalha e tem um compromisso com as instituições democráticas no Brasil”, reforçou.

Arthur Maia afirmou que as Forças Armadas tiveram um papel fundamental na preservação da democracia e que a “condição individual de alguns membros” de maneira alguma diminui a instituição.

O presidente da CPI disse que o encontro com Paiva atendeu a um pedido feito pelo general na semana passada e ressaltou que a comissão já ouviu “alguns militares” e outros integrantes das forças, como o general e ex-ministro Gonçalves Dias, devem ser ouvidos em breve.

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A comissão e o Supremo Tribunal Federal (STF) aprofundam as investigações sobre o envolvimento de militares, inclusive do alto escalão, em ações para colocar em xeque a legitimidade das urnas eletrônicas e em apoio ou omissão aos atos violentos do 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto e os prédios do STF e do Congresso Nacional foram invadidos e depredados por apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na entrevista, Arthur Maia reforçou que a CPI não vai investigar o episódio das joias recebidas por Bolsonaro do governo saudita e que posteriormente teriam sido vendidas, mesmo sendo um presente de Estado. Também destacou que, pelo mesmo motivo, na reunião de quinta que votará requerimentos, não será pautado pedido de quebra de sigilo do ex-presidente.

“Minha preocupação é que a CPMI não descambe de um palco que não se chegue a nada”, ressaltou.