Protestos alimentam riscos de instabilidade, mas não devem afetar transição, diz analista

Para especialista, ponto a ser acompanhado de perto agora é o cumprimento de decisão do STF ao longo do dia para debelar o movimento

Marcos Mortari

Pontos da Via Dutra foram interditados por caminhoneiros apoiadores do       presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na altura do quilômetro       149, em São José dos Campos (SP), na manhã desta terça-feira, 01 (LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO)
Pontos da Via Dutra foram interditados por caminhoneiros apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na altura do quilômetro 149, em São José dos Campos (SP), na manhã desta terça-feira, 01 (LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO)

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O analista de risco político Mário Braga, da consultoria internacional Control Risks, diz que as paralisações de rodovias brasileiras por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) após o resultado das eleições alimentam riscos de instabilidade ao país, mas não devem escalar a ponto de afetar o processo de transição de poder.

Ao InfoMoney, o especialista indicou que as manifestações contrárias ao resultado das urnas já eram um evento esperado no caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas chamou atenção para a possibilidade de interferência política sobre instituições. O que em tese poderia servir como combustível para uma escalada dos protestos.

Na avaliação do especialista, o ponto a ser acompanhado neste momento é o nível de cumprimento de determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a desobstrução das vias.

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A maioria da Corte votou, em plenário virtual, nesta terça-feira (1º), para confirmar decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e às polícias militares dos estados o desbloqueio irregular de estradas. A decisão atendeu aos pedidos da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador geral eleitoral.

“O Supremo está alinhado e, mais uma vez, as instituições estão se mostrando resilientes para enfrentar os desafios impostos. Creio que o ponto a ser acompanhado de perto agora é em que medida as ordens do STF vão ser cumpridas e estradas desbloqueadas ao longo do dia para debelar esse movimento”, afirmou.

“Por ora, esses protestos alimentarão riscos de instabilidade política, institucional e de agitação social ao longo dos próximos dias, mas consideramos improvável que durem por muito mais tempo e afetem o processo de transição de poder”, concluiu.

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Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, 306 pontos já foram desbloqueados por agentes. Por volta das 12h30 (horário de Brasília), o número de pontos de concentração, interdição ou bloqueio era de 267 – o ápice registrado pela PRF foi de 421.

Há ocorrências em rodovias federais de 21 estados e do Distrito Federal, segundo a polícia (as exceções são Amapá, Alagoas, Ceará, Paraíba e Sergipe). As unidades da federação com mais problemas são Santa Catarina (36 bloqueios), Paraná (10 interdições e 20 bloqueios), Mato Grosso (26) e Pará (25).

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.