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O analista de risco político Mário Braga, da consultoria internacional Control Risks, diz que as paralisações de rodovias brasileiras por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) após o resultado das eleições alimentam riscos de instabilidade ao país, mas não devem escalar a ponto de afetar o processo de transição de poder.
Ao InfoMoney, o especialista indicou que as manifestações contrárias ao resultado das urnas já eram um evento esperado no caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas chamou atenção para a possibilidade de interferência política sobre instituições. O que em tese poderia servir como combustível para uma escalada dos protestos.
Na avaliação do especialista, o ponto a ser acompanhado neste momento é o nível de cumprimento de determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a desobstrução das vias.
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A maioria da Corte votou, em plenário virtual, nesta terça-feira (1º), para confirmar decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e às polícias militares dos estados o desbloqueio irregular de estradas. A decisão atendeu aos pedidos da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador geral eleitoral.
“O Supremo está alinhado e, mais uma vez, as instituições estão se mostrando resilientes para enfrentar os desafios impostos. Creio que o ponto a ser acompanhado de perto agora é em que medida as ordens do STF vão ser cumpridas e estradas desbloqueadas ao longo do dia para debelar esse movimento”, afirmou.
“Por ora, esses protestos alimentarão riscos de instabilidade política, institucional e de agitação social ao longo dos próximos dias, mas consideramos improvável que durem por muito mais tempo e afetem o processo de transição de poder”, concluiu.
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Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, 306 pontos já foram desbloqueados por agentes. Por volta das 12h30 (horário de Brasília), o número de pontos de concentração, interdição ou bloqueio era de 267 – o ápice registrado pela PRF foi de 421.
Há ocorrências em rodovias federais de 21 estados e do Distrito Federal, segundo a polícia (as exceções são Amapá, Alagoas, Ceará, Paraíba e Sergipe). As unidades da federação com mais problemas são Santa Catarina (36 bloqueios), Paraná (10 interdições e 20 bloqueios), Mato Grosso (26) e Pará (25).