SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) experimentou uma continuidade na deterioração de sua imagem junto ao eleitorado em agosto, movimento que já se arrasta há dez meses. É o que mostra nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta terça-feira (17).
De acordo com o levantamento, realizado entre 11 e 14 de agosto, 54% dos eleitores avaliam a atual gestão como ruim ou péssima ‒ uma oscilação ascendente de 2 pontos percentuais em comparação com o mês passado. O indicador está em trajetória de alta desde outubro de 2020, quando atingiu 31%.
Do lado oposto, 23% dos eleitores avaliam o atual governo como ótimo ou bom ‒ oscilação descendente de 2 pontos em comparação com julho deste ano. Trata-se do patamar mais baixo registrado por Bolsonaro desde que se mudou para o Palácio da Alvorada, em janeiro de 2019.
Os dados desagregados mostram que, de outubro para cá, o grupo que avalia o atual governo como “péssimo” foi o que mais oscilou: +22 pontos percentuais. Na sequência, vêm aqueles que classificam a gestão como “boa”: -12 pontos. Não houve flutuação tão expressiva entre os que acham o governo “ótimo”, “ruim” ou “regular”.
O levantamento também mostra uma participação importante de eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018 sobre a atual piora na imagem do presidente. Neste grupo, as avaliações positivas foram de 54% para 46% em um mês, ao passo que as negativas subiram de 14% para 21%. Esses eleitores contribuíram em ao menos metade da perda de 15 p.p. apoio de Bolsonaro em 2021.
A pesquisa XP/Ipespe contou com 1.000 entrevistas telefônicas, realizadas por operadores com eleitores de todo o país em amostra proporcional à população nacional. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
O levantamento também mostrou que a aprovação à maneira de o presidente Jair Bolsonaro governar foi de 31% para 29% em um mês ‒ também o pior patamar registrado na atual gestão. O nível de desaprovação, por sua vez, continuou em 63%.
Também houve piora nas expectativas em relação ao restante do mandato de Bolsonaro. Agora, 52% esperam uma gestão negativa, enquanto 28% manifestam otimismo.
O movimento de deterioração da imagem de Bolsonaro coincide com uma escalada de tensão com o Poder Judiciário e, sobretudo, uma piora na percepção do eleitorado em relação à economia em um momento de maior pressão inflacionária.
No último sábado (14), Bolsonaro disse que irá apresentar ao Senado Federal pedidos de abertura de processos de impeachment contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento inédito coloca mais gasolina no incêndio mantido entre as instituições desde o debate sobre o voto impresso. Aliás, essa pauta é rejeitada por 58% dos entrevistados pelo levantamento, enquanto 36% apoiam.
Do ponto de vista econômico, a pesquisa XP/Ipespe mostra que o grupo de eleitores que acreditam que o país está no caminho errado, em queda desde abril, cresceu 4 pontos percentuais voltou ao patamar registrado em maio: 63%.
A visão contrasta com outros indicadores sobre a situação individual dos eleitores. A percepção dos entrevistados sobre as chances de manutenção de emprego, por exemplo, segue em tendência de alta desde maio. O grupo que vê possibilidade grande ou muito grande de continuar empregado chegou a 56% no atual levantamento.
A pesquisa também registrou estabilidade sobre o sentimento da população em relação à pandemia do novo coronavírus. O grupo dos que dizem estar com muito medo do surto oscilou de 38% para 39% ‒ esta é a primeira vez desde abril que essa fatia dos entrevistados não reduz seu tamanho. No mesmo assunto, a soma das pessoas que já se vacinaram com as que dizem que vão se vacinar com certeza atingiu seu maior patamar, chegando a 96%.
As avaliações da atuação de Bolsonaro em relação à pandemia de Covid-19, por outro lado, mostraram poucas mudanças. De um lado, 59% continuam com percepção negativa das ações do presidente. Do outro, oscilou negativamente 1 ponto percentual o grupo que classifica como positiva a postura, passando a representar 21% dos entrevistados.
Já governadores tiveram um crescimento de 8 pontos percentuais em suas avaliações positivas no enfrentamento à crise sanitária, passando a 43%. A reprovação à atuação desses gestores caiu 9 p.p., para 19%.
Movimento similar foi observado no caso dos prefeitos, cuja avaliação positiva atingiu a marca de 55% ‒ salto de 10 pontos percentuais.
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