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SÃO PAULO – O senador Tasso Jereissati (CE) anunciou, nesta terça-feira (28), que abriu mão de disputar as prévias que vão definir o candidato do PSDB à Presidência da República em 2022, para apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
O movimento, especulado há meses nos bastidores, fortalece a pré-candidatura de Leite, que tem como principal adversário o governador de São Paulo, João Doria – que conta com a máquina do estado em que o partido tem mais força. Outro nome que corre por fora na disputa é o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio.
O anúncio foi feito em Brasília, cerca de dois meses das prévias do partido, e contou com a participação de caciques tucanos, como o senador José Aníbal (SP), que, mesmo diagnosticado com Covid-19, participou remotamente. Também marcou presença à distância o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, que está em viagem ao exterior. O líder na Câmara dos Deputados, Rodrigo de Castro (MG), foi outro que acompanhou o evento, assim como integrantes da bancada federal.
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Durante sua fala, Jereissati disse que o país vive hoje momento similar que marcou a criação do PSDB. “Nós temos um governo com um viés claramente autoritário, com certo desprezo pela palavra democracia e um desprezo maior ainda pela palavra ciência, pela dignidade da população brasileira, fazendo com que nós estejamos entrando talvez em um dos períodos mais difíceis da nossa história recente”, afirmou.
“Do outro lado, vemos também, convivendo paralelamente com esse espírito e esse viés autoritário, um viés evidentemente fisiológico. Creio que as trocas, a reciprocidade, nas relações entre Executivo e Legislativo não se dão através do diálogo e do convencimento, mas muitas vezes de interesses menores”, complementou.
“Chegou a hora, portanto, de que nosso partido possa reativar o espírito da sua fundação”, pontuou. “O Brasil está em uma rota de naufrágio, em todos os sentidos. Todos os nossos valores estão se deteriorando. A verdade, o compromisso com a coerência, a visão republicana. Até o respeito humano entre nós, políticos, seres humanos, membros da sociedade, estão se deteriorando”.
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Na avaliação do parlamentar, é o momento de o partido dar uma nova resposta ao país. “Nós devemos dar uma resposta ao nosso país, que não é mais uma questão política de momento, mas uma obrigação ética que nos exige hoje como homens públicos”.
“O governador do Rio Grande do Sul tem todas as qualidades que um homem público tem para nos representar neste momento. Esse cara pensa igual a mim. Temos uma afinidade também de postura ética, de compromisso com a democracia. Por essa razão, estou aqui hoje dizendo que não sou candidato nas prévias, mas isso não quer dizer que eu não estou na luta”, declarou.
Durante sua fala, o senador disse que constatou que cerca de 80% das executivas estaduais do PSDB estavam apoiando a sua candidatura ou a de Eduardo Leite. E, segundo ele, não faria sentido manter duas pré-candidaturas com tantos pontos em comum.
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“Vi no Eduardo que o Brasil de hoje espera uma coisa nova. Seria uma obrigação minha fazer com que nos juntássemos, déssemos as mãos, e buscássemos dentro do partido uma união. Se não for uma união de 100%, um consenso de 80%”, disse.
Leite agradeceu o apoio e lembrou que o parlamentar teve participação relevante em sua decisão de se candidatar ao governo gaúcho.
O pré-candidato buscou um discurso pacificador e defendeu a importância da construção de uma “terceira via” para a corrida presidencial. “O movimento deve ser o da união, da convergência, do entendimento”, afirmou.
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“O Brasil precisa de uma terceira via, de um caminho alternativo. Esse movimento que o senador Tasso Jereissati faz é a demonstração dessa conciliação”, disse.
Para superar seus adversários nas prévias, o governador gaúcho tem conquistado importantes apoios regionais – casos dos diretórios estaduais do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Amapá, Bahia e Alagoas.
Na quarta-feira (29), Jereissati e Leite deverão ir a São Paulo visitar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já declarou publicamente apoio a Doria.
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Como funcionam as prévias tucanas?
Nas prévias tucanas, o eleitorado é dividido em quatro grupos, cada um com peso unitário de 25% do total de votos válidos. São eles:
I) Filiados ao partido;
II) Prefeitos e vice-prefeitos;
III) Vereadores, deputados estaduais e distritais;
IV) Governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional do partido.
No caso dos grupos I, II e IV, os votos atribuídos a cada candidato são divididos pelo número total de eleitores de cada, e os resultados são multiplicados por 0,25.
Já o grupo III é dividido em dois subgrupos, com igual peso. Neste caso, os votos atribuídos a cada candidato são divididos ao total de eleitores de cada subdivisão e posteriormente multiplicados por 0,125. Ao final, é feita a soma das duas categorias.
É considerado escolhido como representante do PSDB no pleito de 2022 o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, considerado o resultado do somatório da votação obtida em cada grupo com os devidos pesos.
Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta dos votos, os dois mais bem posicionados disputarão segundo turno, sendo escolhido o mais votado, seguindo os mesmos critérios descritos.
A votação ocorrerá exclusivamente por meio de sistema eleitoral eletrônico. Estarão aptos a votar eleitores que tenham se filiado ao partido até o dia 31 de maio de 2021.
A realização das prévias seguirá o calendário:
– 20/09/2021: Apresentação do pedido de inscrição dos pré-candidatos;
– 18/10/2021: Início dos debates;
– 14/11/2021: Data limite para o filiado eleitor realizar o cadastramento no sistema eleitoral eletrônico disponibilizado pelo partido e se habilitar a votar;
– 21/11/2021: Realização das prévias;
– 28/11/2021: Realização de segundo turno entre os dois candidatos mais votados, caso ninguém tenha alcançado apoio de maioria absoluta.