Tebet diz que “cerco se fechou” contra Bolsonaro e defende apreensão de passaporte do ex-presidente

Na posse de Márcio Pochmann no comando do IBGE, ministra faz "desabafo" e diz que "este é um novo Brasil"

Marcos Mortari

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), durante entrevista coletiva (FOTO: EDU ANDRADE/Ascom/MF)
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), durante entrevista coletiva (FOTO: EDU ANDRADE/Ascom/MF)

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A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou, nesta sexta-feira (18), que os avanços das investigações da Polícia Federal no caso envolvendo as joias recebidas de autoridades estrangeiras no governo anterior e os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nos último dias representam um cerco ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em um breve comentário no início de seu discurso durante a posse do economista Márcio Pochmann como presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ministra disse que fazia um “desabafo” e recomendou que as autoridades competentes não demorem a apreender o passaporte de Bolsonaro, de modo a evitar qualquer risco de ele deixar o país.

“Este é um novo Brasil. Eu sei que o tempo é presente e é hora de mirar o futuro. Mas não há como, diante desta semana tão decisiva da política brasileira não fazer uma referência especial ao que aconteceu neste momento”, iniciou.

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“Graças ao trabalho da operação da Polícia Federal e dos depoimentos dados na CPI dos Atos Golpistas nesta semana, nós podemos dizer que o cerco se fechou contra o ex-presidente da República. Ali está claro. Está apontado como autor, como mandante, da tentativa de fraudes às urnas eletrônicas, como tentativa de fraude à decisão sempre legítima do povo brasileiro escolher seu sucessor. Ali estava a tentativa de violar, de atentar contra a democracia brasileira”, prosseguiu.

Durante a fala, Tebet citou o ex-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, que dizia que “traidor da Constituição é traidor da pátria”. “Temos ódio e nojo. Nojo da ditadura”, repetiu a ministra no discurso.

“A eles o rigor da lei. E não se enganem: que busquem o mais rápido possível apreender o passaporte, porque quem fugiu para não passar a faixa para um presidente que foi legitimamente eleito pelo povo com certeza vai querer abandonar o Brasil para poder salvar a própria pele”, pontuou.

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As falas ocorrem no contexto em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, no âmbito do inquérito que apura suposta apropriação indevida, evasão e venda ilícita de bens de alto valor dados de presente ao governo brasileiro durante sua gestão.

Elas também seguem entrevista dada pelo advogado Cezar Bittencourt, que faz a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, à revista Veja. Segundo Bittencourt, seu cliente deverá admitir à Polícia Federal que vendeu joias no exterior cumprindo ordens e que entregou os valores dos bens ao casal presidencial.

Ainda ontem (18), o hacker Walter Delgatti, conhecido pela “Vaza Jato”, afirmou em depoimento de quase sete horas em audiência pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que Bolsonaro pediu a ele para forjar a invasão de urnas eletrônicas para desestabilizar o processo eleitoral e que assumisse a autoria de um suposto grampo telefônico contra Moraes em troca da promessa de um indulto que o inocentasse dos eventuais crimes.

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Os desdobramentos aumentaram a percepção em Brasília de dificuldades políticas e jurídicas para Bolsonaro ao longo das próximas semanas, com risco de avanço das investigações.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.