Temer diz que prisão de Lula traria instabilidade e que não está preocupado com cheque da Andrade Gutierrez

Ao programa Roda Viva, o presidente disse que eventual prisão de Lula traria instabilidade não só para o governo como também para o País

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista exibida na última segunda-feira (14) pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, que uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia causar prejuízos a seu governo.

“Se houver ou tenha havido acusações contra o ex-presidente, que sejam processadas com naturalidade. Se você me perguntar: ‘Se o Lula for preso, causa um problema para o governo?’. Acho que causa. Não só para o governo, para o país. Porque haverá, penso eu, movimentos sociais. E toda vez que há um movimento social de contestação, especialmente a uma decisão do Judiciário, isso pode criar instabilidade”, respondeu Temer. Lula é réu em três processos na Justiça. Em deles, suspeito de atuar para obstruir as investigações da Operação Lava Jato, o que ele nega.

Durante o entrevista, Temer também afirmou que cabe ao governo deixar o Judiciário exercer seu papel nas investigações, ao comentar sobre a Lava Jato. Em seguida, ele disse que não preocupações em perder seu cargo em razão das investigações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A Corte eleitoral está analisando e investigando denúncia apresentada pelo PSDB de que a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder econômico e usou dinheiro oriundo de desvio da Petrobras na campanha presidencial de 2014. 

Continua depois da publicidade

“Evidentemente que, e vocês conhecem a obediência que presto às instituições […], se o TSE disser lá na frente, ‘Temer, você tem que sair’, convenhamos, haverá recursos e mais recursos que você pode interpor, não só no TSE, mas, igualmente, no STF”, ressaltou. “Vamos deixar o Judiciário trabalhar, a PF, o Ministério Público e vamos trabalhar pelo Executivo. Se acontecer alguma coisa, paciência”, completou. 

Questionado sobre sobre duas citações a seu nome em investigações, Temer afirmou que uma doação de R$ 10 milhões feita pela Odebrecht destinava-se ao Diretório Nacional do PMDB, o que pode ser comprovado pela prestação de contas. Ele disse que o partido também foi o destinatário de um cheque de R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez, investigado no processo do TSE, que avalia as contas da chapa de Dilma Rousseff, da qual fazia parte, em 2014. “Esse cheque é de uma conta do PMDB, assinado pelo PMDB, nominal à candidatura do vice-presidente. No TSE, não tenho preocupação quanto a isso”, disse.