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SÃO PAULO – O jornal britânico The Guardian se tornou o mais recente veículo da imprensa internacional a fazer duras críticas ao governo brasileiro diante do cenário de aumento de casos e de mortes de coronavírus no País, que caminha no sentido oposto do resto do mundo, que avança com a vacinação e dá sinais de melhora da situação da pandemia.
Nas duas últimas semanas, alguns dos maiores jornais e revistas do mundo publicaram textos criticando o presidente Jair Bolsonaro e a postura de sua equipe no combate à Covid-19. Entre os veículos estão The Economist, Washington Post, The New York Times e The Wall Street Journal.
Em geral, a imprensa estrangeira tem mostrado muita preocupação com a situação do Brasil, apontando que a crise de saúde nacional também é uma ameaça ao resto do mundo, citando, por exemplo, a variante P1, que também se espalha para outros países.
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O The Guardian destacou no título de seu editorial que Bolsonaro representa “um perigo para o Brasil e para o mundo”, lembrando das declarações do presidente contra o isolamento social, uso de máscaras e aplicação das vacinas.
A publicação diz ainda que já havia preocupação desde a sua campanha presidencial por conta das declarações feitas por Bolsonaro contra minorias, mas, segundo o jornal, após sua eleição “o pesadelo se revelou ainda pior na realidade”.
“Ele não só usou uma lei de segurança nacional da época da ditadura para perseguir os críticos e supervisionou o aumento do desmatamento na Amazônia em 12 anos, mas também permitiu que o coronavírus se alastrasse sem controle, atacando as restrições de distanciamento, máscaras e vacinas”, destaca.
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A The Economist também focou a maior parte de sua matéria em responsabilizar Bolsonaro pela crise de saúde no Brasil e a preocupação que isso é para outros países, com o título “A má gestão da Covid-19 pelo Brasil ameaça o mundo”.
“Bolsonaro promoveu curas charlatanescas, protestou contra lockdowns e tentou impedir a divulgação de dados (sobre infecções e mortes). Ele acaba de demitir o terceiro ministro da Saúde (um general do Exército) desde o início da pandemia. Seu governo demorou a encomendar as vacinas, ainda que fabricantes como Pfizer e Janssen as tenham testado no Brasil”, diz o texto.
Sobre a troca de ministros, o Washington Post apontou que a mudança recente na Defesa indica que Bolsonaro pode estar “mirando a democracia”, sendo que “Estados Unidos e América Latina devem estar atentos para garantir a Bolsonaro que qualquer interrupção da democracia seria intolerável”.
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Segundo a publicação, é por conta da “impressionante incompetência do presidente Jair Bolsonaro e seu governo”, que não há sinal de fim da crise sanitária causada pelo coronavírus no País. E o texto vai mais longe: “em vez de lutar contra o coronavírus, Bolsonaro parece estar preparando as bases para outro desastre: um golpe político contra os legisladores e eleitores que poderiam removê-lo do cargo”.
Os jornais destacam ainda o crescimento do debate político já mirando as eleições de 2022, principalmente após a volta de Lula à corrida eleitoral. E para o Guardian, só com a ameaça do petista sobre Bolsonaro já pode ser uma boa sinalização, já que faria com que eleitores da direita procurassem outro candidato menos extremista para disputar o pleito.
O tom geral, porém, da maior parte dos jornais é pedindo que Bolsonaro saia da presidência. “O presidente brasileiro já contribuiu muito para o agravamento da pandemia de covid-19 em seu próprio país e, por meio da disseminação da variante brasileira, pelo mundo. Ele não deve ter sucesso em destruir uma das maiores democracias do mundo também”, diz o Post, enquanto o Guardian conclui com :“sua partida [de Bolsonaro] seria bem-vinda, pelo bem do Brasil e do resto do planeta”.
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