Tragédia que mudou a eleição, morte de Campos completa um mês; confira o que aconteceu

No dia 13 de agosto, o Brasil sofria um baque que, além de deixar o País de luto, mudou totalmente o rumo das eleições presidenciais; um mês depois, cenário ainda é incerto

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Há exatos um mês, o Brasil sofria um baque que, além de deixar o País de luto, mudou totalmente o rumo das eleições presidenciais.

A morte de Eduardo Campos, presidenciável pelo PSB, morreu em um trágico acidente aéreo no dia 13 de agosto, que abalou toda uma nação e foi um ponto decisivo para todo o quadro eleitoral, chamado de evento “black swan”. 

Em apenas um mês, muita coisa aconteceu. As agendas foram canceladas porém, há apenas seis dias do início do programa eleitoral na TV e no rádio,  a chapa teve que ser organizada e com rapidez. Mas o que se viu nestes últimos trinta dias desde a morte do ex-governador de Pernambuco? 

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Em sua primeira fala sobre a morte do ex-governador, no dia 13 de agosto, Marina afirmou: “a imagem que eu quero guardar de Campos é de nossa despedida”. A comoção foi grande, mas as preocupações políticas começaram a surgir, como a de quem seria o substituto do pernambucano na chapa do PSB. Os rumores apontavam como natural a entrada de Marina Silva como cabeça de chapa; porém, outros nomes foram cogitados, até mesmo o da viúva Renata Campos. 

Porém, prevaleceu a lógica e Marina foi escolhida, tanto por sua maior experiência política e impossibilidade de Renata assumir tamanhos compromissos de campanha quanto pela sua força eleitoral, ao obter 20% dos votos em 2010.

Em sua primeira pesquisa já aparecendo como uma das presidenciáveis – mesmo sem ter a sua candidatura oficializada -, o Datafolha do dia 18, Marina apareceu com 21% das intenções de voto, em empate técnico com Aécio Neves (20%), enquanto Dilma tinha 36%. No segundo turno, Marina aparecia com 47%, em empate técnico com a petista, que teria 43% das intenções de voto. 

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No dia 20, o PSB oficializou a chapa com Marina Silva e tendo Beto Albuquerque como vice, após muitos nomes terem sido cogitados para compor a chapa com a ex-senadora acreana. Albuquerque entrou com a missão de representar o PSB em setores em que Marina não é tão bem vista e continuar as alianças com partidos que Campos costurou, como com o PSDB de São Paulo. 

Por outro lado, a escolha não foi fácil. A escolha de Marina e alguns atritos levaram a algumas baixas no PSB, com destaque para o coordenador da campanha, Carlos Siqueira, já no dia 23, além de alguns partidos aliados se mostrarem um pouco reticentes com a entrada da nova candidata. Mas a sua força política prevaleceu.

Ao mesmo tempo, o caso da compra do jato que vitimou Eduardo Campos e mais seis tripulantes veio à tona e a Polícia Federal passou a investigar se a aeronave foi comprada por empresas fantasmas ou caixa 2 do PSB.

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Porém, Marina continua se destacando nas pesquisas, amparada pelo lema de “nova política”, que começa a ser contestado por seus adversários, principalmente Dilma e Aécio. Menos de uma semana depois de ter sua candidatura oficializada, Marina já aparecia à frente Aécio com 29% a 19% dos votos, de acordo com o Ibope do último dia 26. Dilma figura com 34%. E o crescimento de Marina animou os aliados.

Cada vez mais, o cenário mostrou uma disputa acirrada. O Datafolha do dia 29 de agosto mostrou Dilma e Marina empatadas no primeiro turno, mas com a candidata do PSB ganhando da petista por 50% a 40% no segundo turno. Já Aécio aparecia como cada vez mais distante na pesquisa. 

Marina lança o seu programa de governo no dia 29, mas mudanças menos de 24 horas depois sobre temas polêmicos, como LGBT, aumentam as polêmicas acerca de seu programa, seguido de acusações de plágio. Os ataques começaram a ser mais duros no começo de setembro: Dilma compara a candidata do PSB a Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, enquanto Aécio questiona quem é a Marina que os eleitores vão escolher. A imprensa internacional, que elogiou Marina, também passa a questionar as suas propostas. 

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E, há apenas uma semana, um outro ingrediente tomou conta das eleições. A revista Veja destacou, na edição do sábado passado, trechos de falas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em que revelava um suposto esquema de propina dentro da companhia estatal. Roseana Sarney, Sérgio Cabral e Eduardo Campos estariam envolvidos no esquema, conforme o relato, além dos partidos PT, PMDB e PP e 32 parlamentares da base aliada do governo. Marina reagiu às acusações e disse que não ia permitir “ilações” contra Campos.

Os dias que se seguiram foram de um aumento de tom da campanha: Dilma chegou a dizer “não tem banqueiro me sustentando”, referindo-se à aliança de Marina com Neca Setúbal, uma das herdeiras do Itaú. Enquanto isso, a diferença entre Dilma e Marina diminuiu, com a petista ganhando forças e a pessebista estacionando nas intenções de voto. Dilma voltou a ficar em situação de empate técnico com Marina no segundo turno e a ampliar a sua vantagem no primeiro, configurando uma disputa bastante acirrada. 

Em apenas um mês, tantas coisas aconteceram e, a pouco mais de três semanas das eleições, muita coisa ainda pode acontecer. O cenário ainda está em aberto e, até o próximo dia 5 de outubro, tudo pode mudar – mais uma vez. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.