Trump x Biden: votação acabou, mas a apuração acirrada ainda não tem data certa para terminar

Até agora, Biden ganhou nos tradicionais redutos democratas, enquanto Trump venceu nos estados que votam tradicionalmente em republicanos

Roberta Paduan

(Carl Court/Getty Images)
(Carl Court/Getty Images)

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Depois de quase um mês em andamento, o processo de votação nos Estados Unidos chegou ao fim nessa terça-feira, 3, mas ainda não é possível cravar quem será o presidente americano a partir de janeiro.

Por enquanto, as projeções dos principais veículos de comunicação do país apontam para a vitória do democrata Joe Biden, mas a contagem dos votos ainda pode levar dias ou até semanas para ser finalizada. E, como se sabe, o jogo só acaba quando termina.

Até as 5 horas da manhã desta quarta-feira (4), 42 dos 50 estados já tinham projeção de vencedor. Biden havia conquistado 225 votos no Colégio Eleitoral contra 213 alcançados por Trump. Para conquistar a Casa Branca, o candidato tem de contar com pelo menos 270 dos 538 votos dos delegados do Colégio Eleitoral.

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O processo de apuração das votações nos Estados Unidos é bastante diferente do Brasil (saiba mais clicando aqui). Para começar, o voto por lá não é direto. Cada estado realiza sua eleição. O candidato vencedor pelo voto popular ganha um número de delegados que comporão o Colégio Eleitoral, que, por sua vez, elegem, de fato, o presidente da República.

O número de delegados de cada estado é proporcional à população. Cada estado tem suas regras tanto de votação, como de apuração. O vencedor, em geral, é conhecido primeiro pelas projeções de veículos de imprensa, que mantém colaboradores espalhados por todo o país, antes de se conhecer a contagem oficial dos votos.

Até agora, Biden ganhou nos tradicionais redutos democratas, enquanto Trump venceu nos estados que votam tradicionalmente em republicanos. A vitória de Trump na Flórida, que conta com 29 delegados, foi um banho de água fria no democrata, que vinha aparecendo com ligeira margem à frente nas pesquisas eleitorais. Se tivesse vencido no estado, dificilmente Biden perderia o pleito.

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Em relação à eleição de 2016 (em que Trump venceu Hillary Clinton no Colégio Eleitoral), não houve nenhuma virada de resultado para nenhum dos lados. No entanto, o Arizona vem pintando como uma esperança para Biden. Com 82% dos votos apurados até a madrugada, o democrata lidera a contagem com cinco pontos percentuais no Arizona, onde Trump venceu Hillary em 2016.

O resultado final da eleição deste ano ficará mesmo por conta de quatro estados-chave ou pêndulos: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia. Até agora, Trump vem na frente em dois estados do sul que Biden esperava retomar da coluna republicana: Geórgia e Carolina do Norte. A Geórgia não elege um democrata desde 1992. E, embora Trump se mantivesse na liderança durante a madrugada, grande parte dos votos a serem contabilizados deve vir da região da grande Atlanta, onde Biden tende a ter melhor desempenho que o republicano.

A Pensilvânia, que apurou 74% dos votos, deve ser o estado mais decisivo entre os remanescentes. O estado tem 20 votos no Colégio Eleitoral. Até a parada da apuração, durante a madrugada, o estado havia apurado menos de 20% dos votos antecipados, sendo boa parte desses votos enviada pelo correio. Por lá, a apuração pode se estender por vários dias, já que o governo estadual definiu que irá contabilizar os votos por correspondência que chegarem até sexta-feira (6).

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Com milhões de votos legítimos ainda esperando para serem contados, o presidente Trump afirmou prematuramente que venceu a eleição.

A declaração aconteceu por volta das 4h20 da manhã, na Casa Branca. No local, cerca de 250 pessoas estavam reunidas para acompanhar a contagem. O presidente não declarou vitória incisivamente, mas quase. Afirmou que estavam todos “prontos para celebrar e, de repente, tudo foi adiado”.

Disse ainda que estava vencendo na Geórgia, na Carolina do Norte, Pensilvânia, no Michigan, mas tudo parou, e arrematou: “Isso é uma fraude. Francamente, nós vencemos a eleição. Queremos que parem tudo. Então, vamos para a Suprema Corte. Não queremos que encontrem votos às 4 horas da manhã para colocar aí”. Inicialmente, o presidente havia afirmado que “eles” (os democratas) haviam paralisado tudo.

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Ao mesmo tempo em que criticou a suspensão da contagem de votos, Trump pressionou por mais contagem no Arizona, onde está atrás de Biden, e pediu para interromper a contagem em estados onde está à frente, afirmando, sem muita lógica que a eleição é “uma fraude para o público americano”.

O americano disse ainda: “Eles sabiam que não poderiam vencer, e por isso vamos à (Suprema) Corte. Eu previ isso. Tenho dito isso desde o dia que ouvi que mandariam dezenas de milhões de votos (antecipados pelo correio)”.

Antes disso, por volta das 2 horas da manhã, Biden havia feito um comício do tipo drive-thru em Delaware, onde mora, para agradecer apoiadores.

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“Vencemos no Arizona, Minnesota e ainda estamos no jogo na Geórgia, Wisconsin e Michigan. Vai demorar um tempo para contar, mas vamos ganhar a Pensilvânia”, afirmou o ex-vice-presidente. Biden ainda pediu paciência a seus eleitores e disse estar “otimista” com o resultado depois que todos os votos foram contados.

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Roberta Paduan

Jornalista colaboradora do InfoMoney