A nova onda de IPOs: retrospectiva de 2020 e perspectivas para 2021

Há muito tempo nossa Bolsa não tinha tantos IPOs. O que esperar da onda atual?

Renato Santiago

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Apesar dos pesares, 2020 foi um ano bom para a Bolsa, pelo menos no que diz respeito aos IPOs. Ao todo, 28 empresas abriram capital no ano passado, maior número desde 2007, e 2021 também promete ser intenso: 13 já estrearam na Bolsa e 31 companhias estão na fila para a abertura de capital. 

Se a quantidade parece boa, a variedade de IPOs desta nova onda também parece melhor. Se ganhássemos um bitcoin para cada vez que ouvimos dos nossos convidados que “bancos e commodities são super representados na Bolsa” talvez estivéssemos como a tesouraria da Tesla. Nessa onda de aberturas de capital, a variação de temas está maior.

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Construtoras e empresas de energia, como sempre, vieram para a bolsa, mas setores como o de saúde (Rede D’Or, RDOR3) e educação (Cruzeiro do Sul, CSED3) ganham uma representação maior, e o de tecnologia parece finalmente fazer jus ao título de setor da Bolsa brasileira, com Neogrid (NGRD3), Bemobi (BMOB3) e Mosaico (MOSI3). Além disso, o varejo está mais diversificado, tanto em áreas de atuação como em geografia, com Grupo Mateus (GMAT3) e Lojas Quero-Quero (LJQQ3).

Mas, como você sabe, IPOs estão longe de ser uma unanimidade. Se por um lado eles trazem sim variedade e oportunidades para o mercado de capitais, por outro muita gente acha que eles são mal usados pelos bancos de investimentos e empresários. Dá para resumir na piadinha “IPO em inglês significa it’s probably overpriced e não Initial Public Offer”. 

No episódio 86 do podcast trouxemos dois stock pickers raiz para falar sobre os IPOs recentes e o futuro próximo. Ary Zanetta, da Brasil Capital, e Marcelo Cavalheiro, da Safari, avaliaram (e ainda avaliam) várias empresas que estão chegando à Bolsa e investiram em algumas delas, mas não necessariamente no IPO. 

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Aliás, essa é uma das lições do episódio: o IPO é apenas a estreia da empresa, que vai continuar na Bolsa por muito tempo. “Para quem pensa em longo prazo, como nós, na maioria das vezes faz mais sentido esperar alguns meses, ver uma divulgação de resultados, diminuir a assimetria de informação e aí sim fazer o investimento”, afirma Zanetta. A Brasil Capital, segundo o gestor, entrou no IPO de Locaweb (LWSA3), Cury (CURY3) e Track & Field (TFCO3).

Falando em análise, para Cavalheiro, tão importante quanto analisar a empresa, são as motivações do IPO e dos empresários. “O dinheiro vai ser usado para a empresa crescer? Para premiar o empresário? Para um fundo de private equity sair do negócio? Tudo isso importa muito”, diz. Petz, Lojas Quero-Quero e Track Field foram os destaques do ano para ele.

Para ouvir o episódio completo, clique no play.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney