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O primeiro semestre de 2022 chegou ao fim e, até aqui, o ano não tem sido nada favorável para as Bolsas ao redor do mundo. Com inflação alta, um iminente aperto monetário ao redor do mundo e guerra na Ucrânia, os mercados acionários dos principais países do mundo fecharam a primeira metade do ano em queda.
Nos EUA, o S&P 500 cai cerca de 21% no ano e na Europa, o Euro Stoxx recua cerca de 15% no acumulado de 2022. Neste cenário, é cada vez mais unânime no mercado o entendimento de que as economias devem entrar em recessão.
Na Europa, Ruy Alves, gestor global macro da Kinea, diz que a Rússia está ganhando o conflito e a situação pode piorar ainda mais no continente com o inverno chegando e uma possível falta de gás russo no velho continente. “Eles nem começaram a subir juros e já tem país sofrendo por conta desse fator. O continente está quebrado”, disse ele no episódio 152 do Stock Pickers.
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Já nos EUA, o entendimento é de que o Fed (Banco central norte-americano) não vai conseguir cumprir o soft landing (aterrissagem suave) prometido na economia. “Não vai ser uma deep recession, pois o mercado privado está muito saudável, mas a economia vai desacelerar”, afirma Fernando Gonçalves, gestor de ações da SPX Capital.
O gestor macro da Kinea, ressalta, no entanto, que o momento pode ser positivo para o mundo rever alguns conceitos para crescer de forma sustentável daqui para frente. “Talvez a melhor coisa que possa acontecer é uma recessão para criar uma nova base”, afirmou Alves.
Investimentos
Nesta conjuntura, Gonçalves conta que não vê com bons olhos o investimento em ações europeias. Para ele, o continente está com o sinal amarelo ligado e ele pode ficar vermelho em breve. “Falar que a bolsa europeia está barata é ignorar o cenário atual”, disse ele no Stock Pickers.
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Já nos EUA, o gestor da SPX conta que vê um bom prêmio de risco para o S&P em torno dos 3.500 pontos (uma queda de 8,5% frente o fechamento desta sexta) em caso do Fed conseguir realizar o soft landing. Caso não consiga, o ponto de entrada fica em torno de 2.700 pontos (uma queda de 29% frente os patamares atuais).
Para ele, quem olha para a bolsa agora precisa entender que o cenário mudou. Enquanto o call do primeiro trimestre foi comprar empresas da velha economia (commodities e bancos) e estar vendido em empresas de tecnologia, a partir de agora os investidores devem rever suas carteiras.
“Agora estamos mudando de cenário, mas eu ainda não gosto de ficar defensivo por valuation, estamos com ativos de setores defensivos contra empresas cíclicas. Eu penso que mais para frente pode fazer mais sentido comprar empresas de alta qualidade, mas descontadas e continuar contra empresas cíclicas”, afirma Gonçalves.
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Por conta disso, Alves, da Kinea, conta que enxerga boas oportunidades em aplicações em juros dos EUA e dólar. Segundo ele, o país se beneficia tempos de economias fracas no mundo todo. “Não vemos os juros subir de maneira sustentável desde 2008 e agora estão subindo de novo. Os EUA têm vantagens competitivas enormes neste movimento”, afirma.
Enquanto isso, sobre a China, Alves destacou que tem a hipótese de crescimento de um problema político-institucional por lá em meio ao aumento das restrições tanto para as empresas quanto pelo aperto das políticas contra a Covid-19.
No mercado brasileiro, a grande questão fica para o novo regime fiscal, discussão essa que foi antecipada com a PEC dos Auxílios, uma vez que o “teto de gastos” deixou de existir faz tempo.
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“O Brasil começou o ano muito bem por ser exportador de commodities, registrou recuperação econômica melhor do que a esperada, visão de que BC ia parar em algum momento de fazer o aperto, o estrangeiro entrou aqui principalmente em value [ações de bancos e commodities]. Mas esse call (…) acabou, não acho que é um trade para se fazer no segundo semestre”, avalia Gonçalves.
Já Alves vê o Brasil com certo otimismo, destacando que o país é uma geografia interessante em aspectos como segurança alimentar e energética. Além disso, aponta, no passado recente (desde 2008) as grandes crises econômicas vieram dos países desenvolvidos.
Para mais detalhes sobre a visão de Ruy Alves, gestor global macro da Kinea, e Fernando Gonçalves, gestor de ações da SPX Capital, confira o episódio 152 do Stock Pickers.
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