Oi pode dar certo e vale a pena correr o risco, diz gestor

Para Luiz Aranha, da Moat Capital, a mudança dos incentivos no conselho da empresa está colocando a empresa no caminho da geração de valor

Josué Guedes

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Apesar de ter um histórico complicado e estar em recuperação judicial desde 2016, a Oi (OIBR3) pode dar certo, e vale o risco. A opinião é de Luiz Aranha, da Moat Capital, que esteve no Coffee & Stocks desta sexta-feira.

“Acompanhamos o caso da Oi há quase 15 anos, desde a fusão com a Brasil Telecom. A companhia tinha um desalinhamento grande de incentivos internos e diversos problemas. Para resumir toda a história: era mais fácil encontrar a Oi nas páginas policiais do que nas páginas corporativas”, comentou Aranha sobre o histórico da empresa.

Com o andamento do processo de recuperação judicial, o que mais chamou atenção do gestor foi a capitalização em que os detentores de dívidas da empresa aceitaram trocar por equities e a nomeação independente de todo conselho, com a presença de Rodrigo Abreu, atual CEO.

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“Nós sempre acompanhamos o trabalho do Rodrigo Abreu, CEO da Oi, e começamos a observar como estava sendo encaminhada a reestruturação da empresa. E, quando vimos que os incentivos no conselho estavam mudando, e que a companhia tinha um valor que o mercado precificava mais baixo do que realmente vale, passamos a olhar mais de perto”, explicou Luiz.

Hoje, a Oi, para Aranha, deixou de ser telecomunicação e agora irá fornecer algo que é uma necessidade: fibra ótica para internet banda larga.

“Vemos que a Oi tem uma empresa de infraestrutura e uma empresa de atendimento ao cliente e observamos isso pensando pode render no futuro. Nós estamos olhando lá na frente o quanto vale esse investimento que ela está fazendo. O negócio de fibra necessita de um investimento muito pesado no começo para passar a fibra e conectar as casas. Depois os clientes começam a assinar a banda larga, e, num prazo mais longo, a companhia começa a receber as mensalidades com um investimentos subsequente muito baixo”, comentou Luiz sobre o futuro da empresa.

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Fora da China, a Oi possui o maior ativo de infraestrutura de telecom do mundo e após todo investimento em expansão, a expectativa é que a empresa tenha mais de 20 milhões de clientes, dentro de um setor que se torna cada vez mais essencial na vida das pessoas.

“Já estamos há dois anos investidos em Oi (OIBR3). Em 2019 a empresa foi muito mal, porque ainda havia muita incerteza e a venda da Unitel [telecom angolana] atrasou. Ano passado a empresa recuperou um pouco, mas o que mais nos anima é que as empresas de infraestrutura e telecom fora do Brasil estão sendo negociadas com múltiplos elevados. E existe uma confiança grande dos investidores que isso é um ativo que é escasso, difícil de replicar e que dá uma vantagem competitiva grande para a empresa que oferece o serviço”, concluiu Aranha.

A Oi (OIBR3) representa atualmente aproximadamente 8% dos investimentos da Moat e, para Aranha, o risco dela Oi caiu. Antes a empresa não tinha caixa e possuía ativos valiosos, mas com a venda destes ativos, passou a ter uma dívida estável e um futuro promissor.