Oportunidade na baixa liquidez: o caso Coelce

Alexandre Martins, da Módulo, explica os detalhes de uma tese de investimentos diferente do comum

Renato Santiago

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O Coffee & Stocks desta quinta-feira está bastante cearense. Não pelo convidado, Alexandre Martins, da Módulo Capital, que é carioca, mas pelas empresas analisadas: a Coelce (COCE5), distribuidora de energia cearense, e a Jereissati Participações (JPSA3), holding que controla a Iguatemi (IGTA3), cuja origem também está no Ceará.

São duas ações bastante diferentes em aspectos como setores, mercados e teses de investimento. Os principais trechos da conversa estão abaixo.

Coelce (COCE5) 

A Coelce é a concessionária de distribuição de energia elétrica do Ceará. Controlada pela Enel, que também controla ou tem participação em concessionárias de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, a companhia tem vantagens tributárias devido a políticas da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), operação bem redonda e dividend yield nas casa dos 4%. 

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A ação contempla apenas a concessão, não é uma holding, como a Equatorial, por exemplo, e cresce bastante nos resultados. O retorno do papel tem sido de cerca de 12%, contando valorização e dividendos, mas mesmo assim é um papel que tem sido esquecido pelo mercado. A relação EV/RAB (valor da empresa pelo valor das concessões que ela possui) é bastante atrativo.

A liquidez de Coelce é baixa, negociando cerca de R$ 1 milhão por dia, mas aí também reside uma possível oportunidade. Em 2014 a Enel tentou fechar o capital da Companhia, mas não conseguiu. Um dos problemas principais era o uso das ações como garantia por parte da Eletrobras, mas a estatal vem trocando essas garantias recorrentemente. No caso do fechamento de capital acontecer, acreditamos em um upside de 40% no preço do papel.

Jereissati (JPSA3)

A Jereissati já foi uma empresa com muitos ativos, mas hoje é basicamente uma holding familiar que controla a Iguatemi (IGTA3). Ela tem 51% das ações da empresa de shoppings e caixa líquido de R$ 12 milhões.

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Acreditamos que o mercado está impondo um desconto muito grande à empresa hoje com base na concorrência do e-commerce e na decadência dos shoppings nos Estados Unidos, mas esses dois fenômenos não serão capaz de destruir a empresa. 

Em primeiro lugar, os shoppings que decaíram ou desapareceram nos Estados Unidos são diferentes dos da Iguatemi. Eram centros nos subúrbios, acessíveis apenas de carro, extremamente dependentes de grandes lojas de departamentos, como Sears. No Brasil shoppings têm muito mais serviços e são valorizados pela população, que vê neles um lugar limpo, seguro e confortável para estar. 

Nos Estados Unidos a oferta de espaços também é muito maior, são 2.000 metros quadrados pode 100 mil habitantes, contra 70 no Brasil. 

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Em relação ao e-commerce, acreditamos que, se alguma empresa de shoppings está preparada para ele, é a Iguatemi. A empresa já criou um market place de luxo, trouxe executivos do mercado e não mira apenas o entorno, busca vendas em todo Brasil. É o único market place no mundo usado pela joalheria Tiffany’s.

Para ouvir a conversa completa, clique no play acima.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney