Scott Galloway e Luiz Orenstein: um debate sobre trabalhar e ser feliz

Num mundo em que a internet se tornou espaço para venda de fórmulas milagrosas, reflexões de quem pensa fora da caixa se tornam cada vez mais necessárias

Josué Guedes

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Texto originalmente enviado aos assinantes da newsletter Stock Pickers no sábado, 21 de agosto de 2021. Para recebê-la, clique aqui.

Faça aquilo que te faz feliz.

Esse conselho profissional faz sentido para você?

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Com certeza, fazer o que te faz feliz é fundamental, porque você irá passar mais da metade da sua vida exercendo uma atividade profissional, mas, como aprendemos nos ensinou Newton (adaptado pelo STPK): a toda opinião sempre há uma outra opinião de mesma intensidade e direção, porém com sentidos opostos.

E no caso de conselhos para escolha profissional não é diferente.

Uma das grandes vantagens da geração atual é poder navegar na internet e se conectar com pessoas extremamente genais que gratuitamente dão verdadeiras aulas sobre um mesmo assunto com visões igualmente geniais mas completamente diferentes.

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E foi com isso que nos deparamos recentemente.

No começo dessa semana, Daniel Haddad, criador da maior e melhor videoteca do Condado, compartilhou um conselho que o Scott Galloway, um dos maiores conselheiros dentro do Vale do Silício, deu para uma platéia de estudantes sobre esse tema e o conselho dele é bem claro: não siga o conselho de fazer o que te faz feliz (“seguir sua paixão”).

Galloway, após décadas observando palestra de bilionários, diz que a recomendação “siga sua paixão” é sempre dada por pessoas ricas e que geralmente fizeram fortuna fazendo coisas sem nenhum glamour como metalurgia ou fundição.

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O fundamental, para Galloway, é encontrar algo que você seja bom e depois gastar milhares de horas, e ser perseverante, ter garra, dedicação, se sacrificar e ter disposição de lidar com a dificuldade para você conseguir se tornar ótimo naquela atividade, porque quando você é excelente em alguma coisa, os benefícios econômicos, prestígio, relevância, a camaradagem, auto avaliação de ser excelente, vai lhe tornar apaixonado por qualquer coisa que seja.

O pensamento de Galloway, que vai na contramão da maioria, é como uma engenharia reversa: encontre algo em que você consegue se destacar, dedique-se muito e você inevitavelmente se tornará apaixonado por isso.

Para quem se interessou pelas ideias do renomado professor e empreendedor, irá gostar de saber que ele estará ao vivo na Expert XP no dia 24/08 falando sobre os aprendizados pós-coronavírus. O evento é gratuito e você pode se inscrever clicando aqui.

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Por outro lado, quem deu um conselho totalmente diferente do Galloway foi o Luiz Orenstein.

Talvez esse nome não te diga nada, porque Orenstein não costuma aparecer muito nas redes, mas ele é simplesmente um dos fundadores da Dynamo.

A Dynamo não é só um dos maiores e mais respeitados fundos de ações do Brasil como também abriu o mercado para todos os outros que vieram depois.

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Eles estão para o mercado de ações brasileiro assim com o Pelé para o futebol. Existe um antes e depois deles.

Semana passada, Orenstein, numa de suas raras aparições, participou de uma live no canal Manual do Brasil e na conclusão da entrevista foi perguntando sobre um conselho que poderia dar para os mais jovens que estão no começo da carreira.

Com um currículo no mínimo interessante (engenharia na UFRJ. mestrado em Economia e doutorado em Ciência Política), Orenstein acha que a geração atual deve ter muita cautela ao ouvir o conselho das gerações mais velhas e isso tem um motivo claro: os jovens de hoje viverão bem mais da sua geração.

Apesar do “disclaimer”, Orenstein não deixou de falar seu conselho: siga sua curiosidade e não abra mão de ser feliz.

“Esqueça esse negócio de se sacrificar para ganhar dinheiro. Não se sacrifique. Tente seguir aquilo que te deixa bem na vida do ponto de vista profissional. E experimente, porque, como a vida se tornou muito longa, você aos 40 ou 50 ainda poderá recomeçar. A minha geração não podia. Não se acomode: siga sua curiosidade e se der errado tenha a coragem de abandonar para tentar uma coisa nova”, aconselhou Orenstein.

Como no mercado, ver duas pessoas brilhantes falando sobre um mesmo tema com visões completamente diferente só demonstra a complexidade que é entender o mundo e a vida.

Em Rápido e Devagar, livro presente em nossa biblioteca, Daniel Kahneman explica que a nossa reconfortante convicção de que o mundo faz sentido repousa sobre uma base segura: nossa capacidade quase ilimitada de ignorar nossa ignorância.

Não é que um conselho esteja errado e o outro certo, se você pensa assim, talvez esteja precisando de uma grande dose de curiosidade intelectual e uma mente aberta para conseguir perceber a beleza que existe na magia do caos.

Reserve um tempo no seu final de semana para assistir a live com Orenstein e aprenda como a Dynamo sua o princípio científico da falseabilidade, de Karl Popper, para selecionar as ações do fundo.

Josué Guedes

CMO do Stock Pickers