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O Ibovespa fechou em alta de 2,22% nesta quarta-feira (8), aos 106.540 pontos. O principal índice da Bolsa destoou hoje do que foi visto no exterior, com alta mais considerável, por exemplo, do que seus pares americanos, principalmente por conta do noticiário local.
Em Nova York, o Dow Jones caiu 0,18%, enquanto S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,14% e 0,40%.
“O mercado externo segue precificando a perspectiva de uma taxa de juro terminal maior e mais duradoura devido aos recentes dados econômicos”, comenta Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear. “Esse cenário exalta o sentimento de aversão ao risco e pesa nas bolsas americanas que seguem seu movimento de realização”.
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Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, destaca que as falas mais duras de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre a política monetária nos Estados Unidos na véspera bem como a publicação do Livro Bege, aumentaram a percepção de que os juros por lá devem seguir mais altos por mais tempo para controlar a inflação.
Além disso, hoje houve a divulgação do Relatório Nacional de Emprego ADP, que trouxe a criação 242 mil vagas de trabalho em fevereiro, ante consenso de 119 mil.
Os treasuries yields para dois anos voltaram avançar, ganhando 5,1 pontos-base, a 5,06%.
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O dólar, com isso, fechou com leve tendência de alta no mundo. O DXY, índice que mede a força da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, ganhou 0,1%, aos 105,74 pontos. Frente ao real, porém, o dólar recuou 1,02%, a R$ 5,140 na compra e na venda.
“O Ibovespa descola do exterior e tem dia positivo impulsionado principalmente pelo setor financeiro. A expectativa por aqui em torno do anúncio novo arcabouço fiscal traz alívio à curva de juros que recua pelo terceiro dia consecutivo e favorece o otimismo no pregão de hoje – que ofereceu ganhos em praticamente todas ações que compõem o índice”, explica De Checchi. “Dólar acompanhou esse movimento e recuou forte no início do dia, mas volta a mostrar compradores abaixo dos R$ 5,15”.
Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, lembra que Simonet Tebet, ministra do Planejamento, afirmou que o novo arcabouço deve sair ainda neste mês – e, possivelmente, antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece nos dias 21 e 22 de março.
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A curva de juros brasileira, então, caiu em bloco. As taxas dos DIs para 2024 recuaram 11,5 pontos-base, a 13,08%. Os DIs para 2025 e 2027 perderam, ambos, 25 pontos, a 12,37% e 12,76%, respectivamente. Os contratos para 2029 foram a 13,20%, com menos 22 pontos, e os para 2031, a 13,39%, com menos 19 pontos.
“Estamos em um mês chave para alinhar as expectativas. Temos a promessa do governo de que irá divulgar o novo arcabouço fiscal. Além disso, há a reunião do Copom. O mercado não trabalha com queda de juros, mas está atento aos comentários”, comenta Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos. “Hoje, destaque do Ibovespa fica para as small caps, que são as mais penalizadas pelo movimento de alta dos juros. Essas companhias sofrem por conta da piora do cenário e também por conta do risco de liquidez. Outro drive foram as empresas com dívidas mais elevadas, acreditando em uma sinalização de que os juros podem cair”.
Entre as ações com mais alta percentual do Ibovespa, ficaram as ordinárias da Locaweb (LWSA3), que subiram 11,76%, as da Yduqs, com mais (YDUQ3) 12,17%, e as da Petz (PETZ3), que avançaram 9,19%. Nas altas por peso, destaque para bancos e commodities.