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Os estrangeiros começaram a mostrar ceticismo com o mercado brasileiro desde meados de fevereiro, quando os fluxos de saída começaram a superar os de entrada. Mas, na visão do JP Morgan, a movimentação estaria mais associada a questões no cenário global do que relacionada a situação interna em si.
“Depois de 12 semanas consecutivas de fluxos positivos, os estrangeiros começaram a retirar recursos do mercado, ainda que o saldo continue positivo em R$ 10,6 bilhões (no acumulado de 2023)”, observam os analistas do banco.
Em fevereiro, o fluxo ficou negativo em R$ 1,7 bilhão. Em março, até o dia 10, as retiradas somam R$ 780 milhões. Os dados fortes do mercado de trabalho dos Estados Unidos em fevereiro levaram a uma reprecificação dos juros.
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“Mas é claro que idiossincrasias importam: o governo brasileiro ainda não deixou claro qual será o caminho da política fiscal, passo essencial para se pensar sobre reduzir juros”, diz o relatório do JP.
O banco observa que a tributação sobre exportações de petróleo por quatro meses não foi bem recebida e diz ainda que é necessário mais clareza sobre o futuro da política monetária para que os fluxos se materializem novamente.
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Números recentes corroboram com a visão cautelosa do JP Morgan. Fundos especializados em equity retiraram R$ 16 bilhões nos dois primeiros meses do ano. Fundos de hedge perderam R$ 32 bilhões. Os volumes de saques são superiores aos do quaro trimestre de 2022.
“Pelo que ouvimos dos investidores, o primeiro trimestre deste ano deve ser o pior em termos de resgates desde os que aconteceram em meados de 2021, quando os juros começaram a subir”, escreveram os analistas do JP Morgan.
O percentual de equity sob gestão em fundos mútuos agora gira em torno de 9,6% – o nível mais baixo desde setembro de 2018 e abaixo da média de 12%.
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Fluxo estrangeiro
A participação de investidores institucionais locais na B3 também está levemente abaixo da médica histórica, em 27%, enquanto a participação de estrangeiros permanece em torno de 54%. Atualmente são mais de 6 milhões de contas ativas de investidor de varejo, que respondem por 14,9% dos ativos sob gestão.
Os fundos emergentes de equity tiveram o primeiro saldo negativo, de US$ 1,3 bilhão na segunda semana de março, após 10 semanas consecutivas de resultados positivos. No acumulado de 2023, a conta permanece positiva em US$ 33,6 bilhões, o segundo maior nível dos últimos cinco anos, com exceção de 2021.
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Em um segundo relatório no qual resume os principais assuntos discutido com investidores, o JP Morgan cita as discussões sobre o futuro da política monetária.
“Alguns dizem que a autoridade monetária não tem espaço para reduzir juros, por conta das atuais metas de inflação”, diz o relatório.
“Outros dizem que o stress de crédito visto em algumas companhias brasileiras, com possíveis anúncios sobre um arcabouço fiscal, poderiam permitir que o Banco Central começasse a reduzir a taxa no meio do ano, permitindo uma reprecificação de um mercado ainda barato”.
O JP Morgan, contudo, aponta que não há uma unanimidade sobre o mercado estar barato ou não.
“Há uma discussão sobre o quanto o mercado está barato, com alguns investidores dizendo que esse não é o caso entre commodities“, escreveram os analistas.
“Os mais construtivos dizem que as expectativas estão muito baixas e que o viés técnico é benigno, com um nível recorde de shorts no mercado – e qualquer boa notícia vinda do fiscal poderia dar uma guinada no mercado”.