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Ibovespa sobe 2,06%, dólar cai 1,3% e volta a R$ 5: os três fatores que impulsionaram os ativos de risco na 1ª sessão de junho

PIB brasileiro acima do esperado, aumento do teto da dívida nos EUA passando na Câmara e alta das commodities guiam dia positivo do mercado

Lara Rizério Vitor Azevedo

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Depois de uma abertura tímida, o Ibovespa engatou um forte movimento de ganhos na tarde desta quinta-feira (1), primeira sessão do mês, seguindo Wall Street, mas também o noticiário doméstico. O índice fechou em alta de 2,06%, a 110.564 pontos, após três pregões de queda. Já o dólar comercial caiu 1,31%, a R$ 5,006 na compra e na venda.

Os motivos são listados a seguir: i) o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil acima do esperado; ii) a aprovação na Câmara dos Deputados dos EUA do projeto de lei que suspende o teto da dívida de forma a evitar um calote e iii) a alta das commodities, como petróleo (também pelo motivo ii) e minério, que guiam ganhos expressivos das blue chips do Ibovespa.

Sobre o primeiro ponto, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre acima do esperado, ao subir 1,9% no período ante o quarto trimestre de 2022, anima o mercado; a expectativa do consenso Refinitiv era de avanço de 1,3%.  A leitura marcou o melhor resultado para a atividade desde o final de 2020, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas.

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“O resultado do PIB do primeiro trimestre foi surpreendente. A surpresa, entretanto, foi quase inteiramente causada pelo setor agrocupecuário, que teve crescimento impressionante neste primeiro trimestre. Bons resultados já eram esperados, mas o crescimento de 21% na base de comparação trimestral surpreendeu até as projeções mais otimistas. Ainda pelo lado da oferta, o setor de serviços ainda continuou a crescer, já a um ritmo mais moderado do que o visto nos primeiros trimestres de 2022 e vimos retração na indústria”, avalia Luca Mercadante, economista da Rio Bravo.

Pelo lado da demanda, o consumo do governo e das famílias contribuíram positivamente, ajudados também por uma expressiva queda nas importações, enquanto Formação Bruta de Capital Fixo e exportações retraíram. “O resultado implica em um carrego mais forte para o restante do ano. Assim, nossas projeções devem ser alteradas, esperando um crescimento mais próximo de 1,5% para 2023”, conclui.

Luís Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, disse que a conclusão com relação ao PIB é que ele veio bom, mas a concentração do resultado agropecuário coloca em dúvida a sustentação deste movimento. “Apesar deste resultado expressivo, acreditamos que os números dos próximos trimestres deverão ficar mais próximos da estabilidade”, afirmou.

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Durante a semana, cabe ressaltar, o mercado repercutiu também o índice de inflação medido pelo IGP-M abaixo do esperado.

Já sobre os EUA, o projeto de lei para suspender o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões dos EUA foi aprovado na quarta-feira com o apoio da maioria de democratas e republicanos e agora seguirá para o Senado, que deve promulgar a medida antes do prazo final de segunda-feira, quando o governo norte-americano ficaria sem dinheiro para pagar suas contas.

Além disso, as vagas de emprego no setor privado dos Estados Unidos aumentaram mais do que o esperado em maio, sugerindo que o mercado de trabalho desacelerou apenas gradualmente, mostrou um boletim da ADP nesta quinta. O dado foi divulgado antes do relatório mais abrangente do Departamento do Trabalho dos EUA sobre a criação de vagas fora do setor agrícola, agendado para sexta-feira.

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Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,47%, 0,99% e 1,28%.

“Hoje as bolsas dos EUA subiram forte após a aprovação da suspensão do teto de dívida dos EUA no dia de ontem. O Ibovespa segue a euforia dos investidores lá de fora. Além de estar em movimento de alta por conta dos EUA, se fortalece também por conta do PIB do primeiro trimestre ter vindo acima do esperado e da alta de preços nos contratos de minério de ferro, fazendo com que o setor de mineração suba”, fala Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.

A disparada das commodities também impulsionou o índice, que tem muito peso de blue chips como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).

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“As ações da Vale e da maior parte das siderúrgicas acompanharam a alta do minério de ferro negociado em Cingapura, uma vez que o sentimento melhorou com as perspectivas das políticas de estímulo chinesas para reativar a economia, dados de atividade industrial melhores do que o esperado e maiores preocupações com interrupções na oferta”, contextualiza Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “Já as ações da Petrobras também acompanharam a alta dos contratos futuros de petróleo, que se recuperou das perdas recentes e contou com o enfraquecimento do dólar, além de aguardarem pela reunião da Opep+ no início da próxima semana, onde possíveis ajustes na oferta de petróleo podem ser anunciados”.

As ações da Vale subiram 2,12%, a R$ 65,16, endossada também pela alta dos contratos futuros do minério de ferro na China, com o vencimento mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrando as negociações diurnas com elevação de 5,77%.

O PMI global Caixin/S&P subiu para 50,9 em maio, de 49,5 em abril, acima da marca de 50 pontos que separa crescimento de contração, mostraram dados na quinta-feira. A leitura superou as expectativas de 49,5 em uma pesquisa da Reuters. Uma possível interrupção no fornecimento também preocupa, embora alguns analistas tenham minimizado esse impacto.

Já o petróleo WTI para julho subiu 2,92%, a US$ 70,08 o barril, enquanto o brent para agosto avançou 2,29%, a US$ 74,26, o que levou a ganhos de cerca de 3% para as ações da Petrobras.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.