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Ibovespa fecha com alta moderada, mas renova pontuação máxima do ano; dólar cede pelo quarto dia seguido

Alta da Bolsa brasileira foi contida pelas ações da Petrobras, que passaram a cair com notícia de redução no preço dos combustíveis

Mitchel Diniz

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O Ibovespa não teve o mesmo fôlego da sessão de ontem, quando fechou em alta de 2%, mas conseguiu manter os ganhos acumulados até agora e se consolidou no patamar dos 119 mil pontos. Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos dias, hoje foi a Bolsa brasileira que se descolou dos índices em Nova York. Lá, as Bolsas subiram mais de 1% após a pausa no ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos

” O discurso mais duro do Federal Reserve, com indicações de que poderia haver mais altas nas próximas reuniões fizeram com que o mercado fechasse no negativo ontem. Mas hoje, muitos investidores digeriram o comunicado e as falas de Jerome Powell [presidente do Fed], e acreditam que os dados não são condizentes com mais altas de juros”, afirma Bruno Komura, analista de renda variável da Potenza Capital.

O Ibovespa só não conseguiu surfar na mesma onda porque as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) não deixaram. Os ativos recuaram forte depois da notícia de mais uma redução, de 4%, nos preços da gasolina.

“O anúncio de redução dos combustíveis é negativo porque indica intervenções na companhia. Quando olhamos os múltiplos, dados passados, verificamos que a companhia está barata. Mas quando consideramos os resultados no futuro, altamente incertos, os múltiplos estão menos baratos”, explica Komura.

Leia mais: Apesar do recuo dos preços de gasolina, especialistas veem margens da Petrobras ainda saudáveis

“As ações da estatal apagaram a alta inicial após a notícia de redução do preço da gasolina, pois alimentou os temores de ingerência política, sensação ampliada com a fala ministro Alexandre Silveira, de que se houver gordura, a Petrobras pode contribuir para queda maior dos preços dos combustíveis”, afirma Alexsandro Nishimura, economista da Nomos.

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Estímulos chineses também animaram os mercados emergentes nesta quarta-feira. O Banco Central da China cortou o juro de linha de empréstimo de médio prazo de 1 ano, para 2,65%. A redução reforça a expectativa de queda das taxas de referência de empréstimos.

A elevação na perspectiva de rating soberano do Brasil (ainda mantido em BB-) pela S&P Global de estável para a positiva ajudou a Bolsa a disparar na véspera, mas hoje não teve o mesmo efeito. Economistas destacaram que ainda existem desafios para o Brasil recuperar o grau de investimento.

“A gente esperava uma realização de lucro hoje porque a Bolsa já está nesse patamar de 119 mil pontos. A alta de ontem, com um volume muito grande, pode indicar uma entrada de estrangeiros por conta do anúncio do S&P, que foi uma excelente notícia para o mercado brasileiro”, diz Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

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“Hoje circularam rumores de que o texto do arcabouço fiscal voltaria ao Congresso e nossa equipe já colocou isso no preço. Não acreditamos que isso é um grande problema, vemos a articulação política sobre esse texto muito bem alinhada”, complementa Espinhel.

O Ibovespa fechou em ligeira alta de 0,13%, aos 119,221 pontos, na maior pontuação desde outubro do ano passado. O giro financeiro do dia foi de R$ 28,7 bilhões, menos da metade do registrado na sessão de ontem (R$ 71,5 bilhões).

“Se sustentar nesse patamar de praticamente 120 mil pontos é muito positivo, mostra que o mercado está muito forte”, afirma Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos. “A Bolsa estava negociando nos níveis mais baratos das últimas décadas e só bastava um trigger de ordem macroeconômica para os preços convergirem para cima e é o que eu vejo que está ocorrendo agora”.

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O dólar, por sua vez, fechou em queda pelo quarto dia consecutivo, e renovou a cotação mínima em mais de um ano. Hoje, o dólar comercial recuou 0,09%, a R$ 4,802 na compra e R$ 4,803 na venda.

“O dólar seguiu a tendência externa e caiu também em relação ao real, após a parada na alta dos juros nos EUA, enquanto o BCE elevou mais uma vez as taxas na zona do euro”, observa Nishimura, da Nomos.

Em Nova York, o Dow Jones subiu 1,26%, aos 34.408 pontos, enquanto o S&P avançou 1,22%, aos 4.425 pontos e a Nasdaq fechou com alta de 1,15%, aos 13.782 pontos.

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“O Fed sinalizou que pode haver novas altas de juros, mas de toda forma é uma desaceleração do ciclo de aperto, que é positivo para os ativos de risco”, concluiu Moura, da Finacap.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados