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Ibovespa avança 0,71%, com ajuda de bancos e recuo da curva de juros; Dólar cai 0,28%

Ata do Copom e treasuries deram alívio para curva de juros brasileira, com ações de companhias ligadas ao mercado interno sendo destaques

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,71% nesta terça-feira (7), aos 119.268 pontos, em um dia marcado por um enfraquecimento considerável da curva de juros no mercado brasileiro e impulsionada pelo resultado do Itaú (ITUB4) e de ações de empresas voltadas para a economia interna.

O movimento de queda dos juros se dá, em parte, após a publicação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de o documento ter reforçado o cenário de maior cautela com o fiscal, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar recentemente em alteração da meta de déficit para o próximo ano, ele não indicou uma mudança da estratégia do Banco Central brasileiro.

A sinalização, juntamente do recuo recente dos treasuries yields, após dados macroeconômicos nos Estados Unidos virem mais fracos do que o esperado, abriu espaço para uma queda das taxas por aqui – e para uma alta dos ativos de risco.

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Os economistas da XP, Alexandre Maluf e Rodolfo Margato, apontaram que, de alta relevância, o Copom enfatizou que o ambiente global é adverso, em linha com o aumento das taxas de juros de longo prazo nos EUA, a persistência de núcleos de inflação acima da meta em muitos países e novas tensões geopolíticas.

Nesse sentido, o documento diz que o comitê discutiu os efeitos dos juros altos nos EUA “via diferencial de juros, prêmio a termo na curva de juros, demanda externa, câmbio, taxa neutra de juros, preço das commodities, entre outros”. A partir disso, o Copom “avalia que é apropriado adotar uma postura de maior cautela diante dos riscos envolvidos”.

No entanto, nos últimos dias, houve um alívio na dinâmica dos juros americanos, após o payroll de outubro vir mais fraco do que o esperado.

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Hoje, os treasuries yields fecharam em queda. O para dez anos foi a 4,573%, com menos 8,9 pontos-base, e o para dois anos, a 4,913%. com menos 2,9 pontos. Já os índices americanos subira, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq tendo altas de 0,17%, 0,28% e 0,90%.

“A perspectiva de uma pausa no ciclo de aumento de juros nos Estados Unidos tem contribuído para estimular o apetite dos investidores pelo risco, em busca de melhores retornos em moedas que oferecem prêmios mais atrativos”, diz Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “Nesta semana, teremos mais pronunciamentos de representantes do Federal Reserve (Fed), que podem fornecer pistas sobre a trajetória da política monetária e ajustar as expectativas. O destaque principal vai para o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que fará discursos amanhã e quinta-feira”.

O recuo dos juros americanos enfraqueceram o dólar à vista frente ao real, com queda de 0,28%, a R$ 4,8735 na venda.

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“O momento é favorável para o real, com a redução das expectativas de aumento de juros nos Estados Unidos”, fala Costa.

Além disso, internamente, uma visão mais otimista em relação à área fiscal contribuiu para a queda do dólar ante o real e para o fechamento da curva a termo. O jornal Folha de S.Paulo noticiou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou o envio, ainda nesta semana, de mensagem ao Congresso para modificar a proposta da meta fiscal de 2024.

A Reuters confirmou a apuração com duas fontes a par das negociações. Segundo elas, o governo manterá, ao menos por enquanto, a busca pelo déficit zero para dar tempo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de negociar a aprovação de medidas que ampliam a arrecadação e tentar evitar uma mudança.

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O discurso no governo é de que, depois de ser atropelado pela declaração inesperada de Lula de que dificilmente a meta de déficit zero será mantida, Haddad conseguiu retomar as rédeas do processo.

Também de olho nos juros, entre as maiores altas percentuais do Ibovespa ficaram companhias ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias do Magazine Luiza ([ativo=MLGU3]) subiram 23,78%, as do Grupo Casas Bahia (BHIA3), 11,76% e as do Grupo Soma (SOMA3), 7,58%.

Já entre os maiores ganhos por peso, destaque para as preferenciais do Itaú, que tiveram alta de 2,80%, após o banco trazer um lucro recorde no terceiro trimestre.

“O Ibovespa teve alta nesta terça, superando os 119 mil pontos ao longo da sessão, puxado pela alta do setor bancário após divulgação de resultados sólidos do Itaú, com destaque para qualidade da carteira de crédito cuja inadimplência está abaixo do mercado e para números fortes de margem financeira com clientes”, aponta Júlia Aquino, analista de ações da Rico.

“A ITUB4 é a terceira ação com maior peso dentro do Ibovespa, ficando atrás apenas de Vale e Petrobras. Assim, um movimento forte no papel (assim como no setor bancário em geral) tende a impactar de forma relevante na performance do índice”, completa.

Ela menciona também, por fim, os dados da balança comercial da China, que registraram US$ 275 bilhões em exportações, abaixo das expectativas, e US$ 218 bilhões em importações, acima das expectativas.

O dado colaborou para desempenho negativo das ações de commodities na bolsa hoje, pressionadas pelos novos sinais de que a economia chinesa está desacelerando — e limitando os ganhos do Ibovespa no dia.

Entre as maiores quedas do Ibovespa ficaram os papéis ordinários da Petrobras (PETR3), com menos 2,21%, os da Vale (VALE3), com menos 1,99%, e os da PRIO (PRIO3), com menos 2,48%.

(com Reuters)