Publicidade
SÃO PAULO – Já é tão automático para grande parte do mercado comparar suas conquistas na bolsa com o desempenho do Ibovespa que às vezes nos esquecemos do fato de existirem muitos outros índice de ações que podem servir como referência para o investidor dimensionar a amplitude de seus ganhos e perdas na Bovespa. E se levarmos em conta o desempenho dos índices da bolsa brasileira nos últimos 4 anos, a mudança no “benchmark” a ser seguido poderia ter feito com que muitos gestores/investidores que avaliaram o próprio resultado como “acima da média do mercado” ficassem chateados com a rentabilidade apresentada.
Em 2013, enquanto o Ibovespa teve uma queda acumulada de 15,5%, o IBrX-100 – segundo índice acionário mais conhecido do País – marcou uma queda muito mais amena, na faixa de 3,1%. Este foi o 4º ano consecutivo que o IBrX superou o Ibovespa (veja mais na tabela ao final da matéria) e dessa forma ele já acumula um desempenho 23,5 pontos percentuais superior ao principal índice da Bovespa entre entre 2009 e 2013 – neste período, o IBRX caiu 6,4%, enquanto o IBOV marcou queda de 27,9%. Com isso, os fundos cujo objetivo é de superar ou replicar a rentabilidade do IBrX-100 tiveram que suar um pouco mais para bater as metas nos últimos 5 anos.
Qualquer perda mais moderada no período já seria capaz de representar um ano positivo, ao passo que para quem buscou a comparação com um índice como o IBrX precisou suar um pouco mais a camisa para ter um ano “vitorioso”. Ainda assim, vale destacar que os dois índices ficaram muito aquém dos benchmarks de renda fixa, como é o caso do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), referencial para o mercado de renda fixa, que marcou variação positiva de 8,06% no acumulado do ano passado.
Continua depois da publicidade
Por que não se muda de benchmark?
Profissionais de mercado têm dificuldade de falar sobre o IBrX e uma hipotética mudança de benchmark no mercado brasileiro. Segundo eles, a tradição já enraizada na bolsa brasileira do principal índice faz com que o espaço para mudanças mais drásticas seja extremamente limitado. “O Ibovespa é o indicador mais antigo, usado há muito tempo”, justifica Flávio Conde, analista da Gradual Investimentos.
“Na década de 1990, houve uma concentração muito grande do índice em Telebrás (TELB4), que passou a deter cerca de 50% da composição da carteira teórica. Mesmo nessa época, as pessoas usavam bastante o Ibovespa, não só para desempenho, mas também para operação de mercado futuro”, explica o analista. Além disso, contratos futuros e ETFs (Fundos de Índice) lastreados no Ibovespa apresentam muito mais liquidez no mercado do que de outros índices, o que lhe atribui uma importância maior no mercado acionário.
IBrX-100 vs. Ibovespa de 2009 até 2013:
Continua depois da publicidade
Rentabilidade em % | |||||
Índice | Metodologia | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 |
Ibovespa | O objetivo do índice é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. | -15,5 | 7,40 | -18,11 | 1,04 |
IBrX-100 | O índice IBrX é composto por 100 papéis escolhidos em uma relação de ações classificadas em ordem decrescente por liquidez, de acordo com seu índice de negociabilidade (medido nos últimos doze meses). | -3,1 | 11,55 | -11,39 | 2,62 |
Fonte: BM&FBovespa
Diferença de desempenho
A goleada do IBrX-100 sobre o Ibovespa, ainda que os dois índices tenham fechado o ano no vermelho, revela um benchmark mais focado em empresas com elevado valor de mercado, que coincidentemente tiveram melhor desempenho anual que os tubarões do Ibovespa. É importante lembrar que Vale (VALE3; VALE5) e Petrobras (PETR3; PETR4), companhias com maior peso no principal índice acionário brasileiro, acumularam perdas em 2013, ao passo que a Ambev (ABEV3), empresa com maior peso no IBrX-100 teve um ano no azul. Vale, Petrobras e Ambev apresentam respectivas participações acumuladas de 10,169%, 10,990% e 7,803% no IBrX-100; e 11,546%, 12,066% e 3,911% no Ibovespa.
Também vale destacar a maior participação de companhias como Ultrapar (UGPA3) e BRF (BRFS3), empresas que tiveram um ano positivo, na composição do IBrX-100, ao passo que o Ibovespa conta com mais elevado peso das ações de BM&FBovespa (BVMF3), que acumularam perdas em 2013. As duas primeiras possuem respectivas participações de 2,974% e 3,776% no Índice Brasil, enquanto o peso delas no Ibovespa é de 1,382% e 2,414%, nesta ordem. Já os papéis da bolsa, possuem participação de 2,524% no IBOV e 2,074% no IBrX-100.
Continua depois da publicidade
Uma das críticas que o mercado faz ao Ibovespa é que ele é um índice muito “desigual”, com poucas empresas respondendo por grande parte de sua composição. Uma má notícia para os defensores do IBrX-100 é que este índice apresenta uma concentração ainda maior de participação nas maiores empresas. As 10 ações mais importantes do IBrX-100 respondem por 56,15% da carteira do índice, enquanto no IBOV o top 10 tem peso de 47,24%.
As 10 ações com maior participação em cada índice:
IBOVESPA | IBRX-100 | ||
Ação | Participação (em %) |
Ação | Participação (em %) |
PETR4 | 8,043 | ABEV3 | 7,903 |
VALE5 | 7,821 | ITUB4 | 7,844 |
ITUB4 | 6,636 | PETR4 | 6,687 |
BBDC4 | 5,284 | VALE5 | 5,884 |
ABEV3 | 3,966 | BBDC4 | 5,848 |
PETR3 | 3,917 | VALE3 | 4,251 |
VALE3 | 3,699 | PETR3 | 4,186 |
ITSA4 | 2,749 | BRFS3 | 3,792 |
BBAS3 | 2,634 | UGPA3 | 2,982 |
BVMF3 | 2,492 | ITSA4 | 2,525 |
Total | 47,241 | Total | 56,153 |