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“No Brasil, o futuro é duvidoso e o passado é incerto”. A frase, por vezes atribuída ao ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, outras ao ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, é uma das melhores definições de Brasil que poderia existir.
A palavra “risco” deriva do italiano risicare (por sua vez, derivado do latim risicu, riscu), que significa “ousar” e nos mostra que o risco é uma opção, e não um destino. Ou seja, trata das ações pelas quais ousamos optar.
Quando você investe em ações, ou quando cirurgiões realizam operações, ou engenheiros projetam pontes e empresários abrem seus negócios, o risco é um parceiro inevitável. Conviver com riscos e administrá-los tornou-se sinônimo de desafio e oportunidade.
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Mergulhando um pouco mais fundo, o risco é constituído pela falta de conhecimento, ou falta de certeza, de que determinados eventos futuros vão (ou não) acontecer. Dessa forma, nunca temos 100% das informações necessárias para a tomada de decisão. Se tivermos absoluta certeza, isso não pode ser classificado como risco. É coisa conhecida.
Por exemplo, se você se joga do 30º andar de um prédio, é certo que não sobreviverá à queda, pois você não sabe voar. Neste caso, não se fala em risco (ou evento de risco), se fala em evento certo.
Sendo assim, riscos não gerenciados, quando concretizados, tornam-se problemas (existe o conceito de risco “positivo”, mas não é nosso foco aqui). Esses são geralmente certezas bem definidas, que estão acontecendo atualmente. Por isso, não há necessidade de se realizar uma avaliação de probabilidade, como seria feito para um risco.
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Os riscos devem ser tratados para que não virem problemas, como esses:
1 – Você perde seu emprego
2 – Alguém bate no seu carro e você não tem seguro
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3 – Chove e você não saiu de casa com seu guarda-chuvas
Um outro conceito, tão importante quanto, porém muitas vezes ignorado, é a incerteza, que significa probabilidade desconhecida.
Isto é, algo é incerto quando temos apenas parte da informação. Nossa informação, à priori, está correta e um fato deixa de ocorrer ou nossa informação é incorreta e um fato ocorre. A total incerteza geralmente nos deixa pouco à vontade; a maioria de nós prefere riscos (pois são, pelo menos, conhecidos) à incerteza.
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Vamos então resumir tudo em um outro conjunto de exemplos agora, para que não lhe reste nenhuma dúvida:
Imagine a situação em que é dada uma caixa, com bolas em seu interior, e você deve retirar determinadas bolas dessa caixa.
a) Existem 2 bolas nessa caixa, ambas vermelhas e você precisa tirar uma bola da caixa. Situação de certeza, afinal, independente de qual bola você retire, o resultado será uma bola vermelha fora da caixa.
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b) Agora existem 2 bolas vermelhas e outras 2 pretas nessa caixa, e você precisa, novamente, retirar uma vermelha para vencer: Situação de risco, afinal, existe agora uma chance (quantificável, cuja distribuição de probabilidades é conhecida) de você não ter sucesso em sua empreitada de retirada de bolas da caixa.
c) Nesse terceiro cenário você não sabe quantas bolas existem na caixa, mas continua precisando retirar uma bola vermelha. Essa é a situação de incerteza, porque você não consegue quantificar o risco de não conseguir tirar a desejada bola vermelha, a não ser que você teste todas as possibilidades (retire todas as bolas uma por uma até determinar a quantidade de bolas na caixa, e suas respectivas cores).
d) No nosso último cenário, agora você não só não sabe quantas bolas existem na caixa, nem suas cores, como existe uma pessoa invisível a todo momento retirando e colocando bolas de cores aleatórias dentro da caixa. Nesse cenário, nem mesmo o teste sugerido no cenário (c) te ajudaria, dado que você nunca conseguiria finalizá-lo.
Agora eu te pergunto: em qual desses cenários você acha que o mercado financeiro se encaixa? Conseguimos mesmo prever todos os cenários possíveis, além de suas respectivas distribuições de probabilidade?
A quantidade de eventos, conhecidos e desconhecidos, que podem fazer preço no mercado é incontável, portanto, quanto mais humildes perante a incerteza formos, mais chances teremos de sucesso, dada a aleatoriedade intensa dos eventos e de seus efeitos sob os mercados.
E se eu te disser que existe um instrumento no mercado feito justamente para precificar essa incerteza? Exatamente, meu caro leitor, eu vos apresento as opções.
Uma opção nada mais é do que uma medida, melhor ainda, uma medida de ordem monetária (com valor financeiro) que o mercado está atribuindo em tempo real para que um determinado evento (a ação atingir um certo nível de preço) ocorra.
Pode ter certeza de que falaremos muito mais sobre isso e com mais detalhes nos próximos artigos, mas, para essa nossa introdução, eu gostaria muito que você saísse desse texto com esses 3 conceitos em mente. Vamos recapitular aqui:
1 – O conceito de risco: algo que você geralmente conhece e tem meios de quantificar as chances de acontecer
2 – O conceito de incerteza: algo que você na maior parte das vezes não conhece, ou não tem como quantificar as chances de acontecer
3 – O conceito de uma opção: instrumento usada pelo mercado e pelos investidores para quantificar o risco de um ativo atingir determinado nível de preços, dentro de uma janela de tempo pré-determinada. Ex: o preço da opção PETRA40 simboliza a probabilidade (ou a crença do mercado) de que a ação de PETR4 vai chegar em janeiro de 2023 valendo R$ 40. Quanto maior o preço da opção (em relação ao preço do ativo objeto), mais forte a crença de que aquele evento (a ação atingir o preço) vai ocorrer.
Se você entender a sutileza desses conceitos, estará pronto para encontrar as mais diversas oportunidades e arbitragens dentro do nosso mercado. E conte comigo nessa jornada.