Cosan afunda 13% em 7 pregões com temor de ‘delação bomba’; só 13 das 58 ações do Ibovespa sobem

Confira os principais destaques de ações da bolsa desta segunda-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa firmou queda na tarde desta segunda-feira (12), perdendo os 62.000 pontos, com investidores ainda receosos com o andamento da agenda de reformas com a manutenção de Michel Temer no poder e de olho no possível desembarque do PSDB. Crescem também os rumores sobre uma negociação de delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Jornais desta manhã destacaram sobre a perspectiva da entrada de atores importantes do sistema financeiro nacional no foco da Lava Jato. 

Em meio ao noticiário turbulento, o Ibovespa fechou em queda de 0,89%, a 61.657 pontos, com apenas 13 das 58 ações no campo positivo. Entre elas, destaque para as exportadoras – Klabin, Marfrig e Embraer – que subiram cerca de 1%, beneficiadas pelo câmbio. O dólar comercial subiu 0,59% nesta segunda-feira, a R$ 3,3109 na compra e R$ 3,3115 na venda. 

Já do lado negativo, as ações da Bradespar – holding da Vale – lideraram as perdas do dia, apesar da alta do minério de ferro. Os papéis da Vale e siderúrgicas também caíram hoje. Chamou atenção também a queda das ações dos bancos. O Banco do Brasil chegou a recuar 3,34% na mínima do dia. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações desta segunda-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 13,78, 0,0%; PETR4, R$ 12,90, +0,39%)
As ações da Petrobras fecharam em leve alta, com o dia positivo do petróleo ajudando a ofuscar o noticiário doméstico turbulento. Lá fora, os contratos futuros do Brent subiam 0,25%, a US$ 48,27 o barril, enquanto os contratos do WTI avançavam 0,48%, a US$ 46,05 o barril. 

No radar, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou hoje o agendamento para o dia 11 de julho de julgamento de processo envolvendo ex-executivos da Petrobras, incluindo os ex-presidentes José Gabrielli e Maria das Graças Foster, por irregularidades envolvendo a capitalização da empresa, em 2010, que levantou R$ 120 bilhões. 

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Além dos dois, o órgão regulador do mercado de capitais também julgará na ocasião Almir Barbassa, ex-diretor de relações com investidores da companhia, e o Bradesco BBI e seu executivo Bruno D’Ávila Melo Boetger devido ao papel de coordenação na capitalização da Petrobras.

Vale (VALE3, R$ 26,84, -1,68%; VALE5, R$ 25,22, -1,94%)
Com os investidores apreensivos com o noticiário político, as ações da Vale acentuaram as perdas nesta sessão e se descolaram dos preços do minério de ferro. Os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian subiram 2,60%, a 434 iuanes, enquanto o minério spot negociado em Qingdao, na China, avançou 0,85%, a US$ 54,87 a tonelada. 

Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 17,91, -3,61%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,52, -1,76%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,94, -1,79%), CSN (CSNA3, R$ 6,51, -2,98%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,94, -0,25%). 

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No radar, a mineradora Vale anunciou a conclusão de uma nova linha de crédito rotativo no valor de US$ 2 bilhões, com prazo de cinco anos. A linha foi contratada junto a um sindicato composto por 18 bancos globais, liderados
por Citibank, Crédit Agricole RBC Capital Markets e The Bank of Nova Scotia. Esta linha de credito rotativo substituirá a linha de US$ 2 bilhões contratada em 2013 com prazo de 5 anos, a qual será cancelada. A Vale conta ainda com outra linha no valor de US$ 3 bilhões, totalizando assim US$ 5 bilhões em linhas de crédito rotativo.

Além disso, destaque para o noticiário da CSN. Segundo uma matéria da Exame, as conversas com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil para renegociar seus empréstimos encontram obstáculos. A companhia estaria também negociando um “waiver” com seus credores de debêntures. A empresa ainda não publicou resultados do 4º trimestre de 2016 e 1° trimestre de 2017 devido a uma revisão contábil relacionada a uma transação interna em 2015 que resultou na combinação de determinadas operações de mineração e de logística ainda incompleta.

Em relatório, os analistas do BTG Pactual comentam que têm uma grande preocupação com o balanço da CSN (a companhia não consegue gerar fluxo de caixa livre e está rodando acima de 5 vezes a dívida líquida/Ebitda). Eles reiteraram recomendação de venda para a ação. 

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Cosan (CSAN3, R$ 31,80, -1,52%)
As ações da Cosan caíram pela sexta vez em sete pregões e acumulam queda de 13,3% no período. Com o movimento, os papéis são negociados no menor patamar desde o início de agosto de 2016.

A queda das ações ocorre na esteira de uma notícia da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, que citou no início deste mês, que a negociação de uma possível delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci pode envolver nomes como o de Rubens Ometto, presidente da Cosan. 

Em relatório, os analistas do UBS, que recentemente recomendou a compra da ação, disseram que têm pouca visibilidade sobre os potenciais impactos disso nos papéis da empresa e estão preocupados que “overhang” possa durar um pouco mais, até que haja mais informações sobre o assunto. 

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No relatório do dia 1 de junho, quando os analistas do UBS elevaram a recomendação da ação da Cosan para compra, eles atribuíam a revisão a três fatores: 1) queda de 30% do preço do açúcar desde outubro do ano passado e que parecia já ter atingido um fundo; 2) valuation atrativo; 3) apoio dos resultados no segmento de distribuição de combustível; e 4) forte geração de caixa à frente. 

Natura (NATU3, R$ 29,36, -1,94%)
Depois de subirem 2,04% na máxima do dia, as ações da Natura viraram para queda, estendendo as perdas de 7,4% registradas na última sexta-feira, quando a empresa anunciou uma oferta pela The Body Shop por 1 bilhão de euros. Analistas não viram a operação com bons olhos, apontando que a empresa pode ter dado “um passo maior do que a perna” na sua ânsia por mudanças, comprometendo sua alavancagem e tirando o foco do que realmente importa para ela. 

Veja mais: Aquisição bilionária de “irmã gêmea” pode levar à transformação da Natura – para pior

No radar, o rating da empresa foi colocado em observação negativa pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s após a oferta, citando que o negócio poderá enfraquecer sua estrutura de capital. “Se a transação for concluída, acreditamos que há chances para um rebaixamento de até dois degraus, dependendo da resultante alavancagem e o quão rápido a Natura poderá gerar sinergias do modelo de negócios da TBS”, afirma a S&P.

Bancos

Em dia de “sell off” no mercado brasileiro, as ações dos bancos estenderam perdas, registrando seu 3° pregão seguido de queda. No período, a maior queda é do Santander (SANB11, R$ 24,52, -0,37%), que acumula nas três sessões desvalorização de 8%. Banco do Brasil (BBAS3, R$ 26,34, -1,61%) acumula queda de 4,4% e Bradesco (BBDC4, R$ 26,34, -1,61%), perdas de 5%. A exceção hoje foi o papel do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,65, 0,0), que conseguiu fechar estável. Nas últimas três sessões, a ação ITUB4 acumula queda de 2,6%.  

No radar, a delação do ex-ministro Antonio Palocci, que está sendo acompanhada com lupa pelos mercados, uma vez que ele pode implicar instituições de médio e grande porte, gerando efeitos à economia. “Gestores do exterior sondam bancos no Brasil sobre possíveis citações. Menções a instituições de médio e grande porte poderiam derrubar de vez a economia, dizem”, destacou a Folha de S. Paulo na semana passada. 

Assim, a perspectiva  da entrada de atores importantes do sistema financeiro nacional no foco da Lava Jato com a delação de Palocci ampliará a pressão por uma ofensiva do Congresso para conter os danos da operação, de acordo com a coluna Painel, também da Folha de S. Paulo. A publicação destaca que o Palácio do Planalto já deu um passo nesse sentido ao editar medida que autoriza o Banco Central a firmar acordo de leniência na última quinta-feira. Conforme destaca a coluna, as tratativas de Palocci com a força-tarefa avançaram e há expectativa de que ele seja autorizado a sair da prisão nas próximas semanas. 

JBS (JBSS3, R$ 6,99, -3,98%)

Os acionistas controladores da JBS venderam R$ 45 milhões em ações dias antes das delações. Em apenas um mês, foram vendidos cerca de R$ 155 milhões de papéis da empresa. 

Segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), os acionistas controladores da JBS venderam entre os dias 16 e 17 de maio 4.619.900 de ações JBSS3 a um preço médio de R$ 9,89, totalizando um saldo final de R$ 45,1 milhões em ações vendidas.

O movimento de venda se intensificou durante o maio. Entre os dias 22 e 31 do mês passado, os controladores da empresa venderam 14.015.800 de papéis da empresa, a um preço médio de R$ 7,83, totalizando R$ 110,2 milhões em ações durante o período. Mesmo com o volume total de vendas atingindo R$ 155,3 milhões, a participação dos acionistas controladores passou de 43,19% para 42,51% entre abril e maio.

Vale destacar que, na última sexta-feira, a Polícia Federal realizou operação envolvendo a JBS e a FB Participações para apurar se houve uso indevido de informações privilegiadas por parte das empresas em transações de mercado financeiro ocorridas entre abril e maio de 2017, investigando justamente a  venda de ações de emissão da JBS na bolsa de valores e a compra de contratos futuros de dólar. “Há indícios de que essas operações ocorreram com o uso de informações privilegiadas, gerando vantagens indevidas no mercado de capitais num contexto em quase todos os investidores tiveram prejuízos financeiros”, afirmou a Polícia Federal.

Também na última sexta-feira, a agência de classificação de risco Moody’s corto o rating da JBS de Ba3 para B2, mantendo a perspectiva para novo rebaixamento. A unidade da empresa nos Estados Unidos também teve sua nota reduzida. “As reduções dos ratings refletem os riscos contínuos relacionados a possíveis processos judiciais futuros, a governança da empresa e os danos causados pela reputação e se, ou em alguma medida, esses riscos podem prejudicar as operações da empresa, o acesso ao mercado e a liquidez”, afirmou a Moody’s em relatório. “Se a liquidez se deteriorar como consequência desses desenvolvimentos, a Moody’s poderá adotar mais ações de classificação antes da conclusão final do processo de revisão”, acrescentou a agência. A agência já havia cortado os ratings da JBS e da JBS USA no mês passado.

Já o Jornal O Globo deste fim de semana ressaltou que os efeitos devastadores da delação premiada dos executivos da JBS já são sentidos em toda a cadeia produtiva de carnes do país e preocupam os pecuaristas. A crise começou antes mesmo de os depoimentos dos donos da companhia envolvendo o presidente Michel Temer virem a público, com a operação Carne Fraca. Agora, o escândalo das delações só fez agravar a situação: com a redução do abate pela JBS, o preço da arroba do boi caiu, e o gado lota os pastos, para desespero dos pecuaristas, afirma o jornal. 

Cemig (CMIG4, R$ 7,45, -2,61%)

Segundo a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, o programa de desinvestimentos da Cemig está movimentando os principais bancos do País. O Bradesco BBI comandará a venda da Cemig Telecom, que deve ser leiloada em novembro. Já o BTG Pactual está à frente da venda da Light Energia e das usinas hidrelétricas de Cachoeirão, Pipoca e Paracambi, prevista para este ano, já que há tratativas em andamento para vender os ativos para a Aliança Geração de Energia, joint venture da própria Cemig com a Vale.

Ainda no radar da companhia, o Conselho da estatal aprovou a aquisição de ações PN da RME – Rio Minas Energia e Participações e da Luce Empreendimento e participações, aumento do capital social e aporte de capital na Guanhães Energia e programa de desligamento Voluntário programado (PDVP 2017). Por fim, a Cemig Geração e Transmissão venceu arbitragem sobre a Madeira Energia. 

Lojas Renner (LREN3, R$ 26,86, -2,61%)

O jornal O Globo destaca que, sem fazer alarde, a brasileira Lojas Renner já é quase do tamanho da Macy’s, uma das maiores redes de departamento dos EUA, ao colocar frente a frente o valor de mercado das duas companhias. O total de ações da brasileira equivale a R$ 19,549 bilhões ou US$ 5,9 bilhões. Já a rede americana totaliza um valor de mercado de US$ 6,8 bilhões, apenas 10,7% acima da varejista brasileira.

“Por trás dessa aproximação há dois fatores: de um lado, uma mudança de comportamento do consumidor que enfraqueceu o modelo de negócios da empresa americana, que vem encolhendo; do outro, uma gestão que conseguiu garantir o crescimento dos resultados mesmo em um ambiente de forte recessão econômica no Brasil”, aponta a reportagem.

Iguatemi (IGTA3, R$ 32,14, -3,05%)

Ao Estadão, o  empresário Carlos Jereissati Filho, presidente do Grupo Iguatemi, que reúne shopping centers, um outlet e torres comerciais, diz estar otimista com o futuro do País, apesar das incertezas sobre a economia, sobretudo após as delações de Joesley e Wesley Batista, donos do JBS, gerando novas turbulências em Brasília. “A gente está vendo um cenário momentâneo de incerteza, mas estamos otimistas.”

Sobrinho do senador Tasso Jereissati, ex-governador do Ceará, que assumiu interinamente a presidência do PSDB, Jereissati Filho evita falar sobre a atual crise política. Tasso está no cargo por conta das denúncias que pesam sobre o senador Aécio Neves, até então à frente do partido. Questionado sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira, 9, de rejeitar a cassação da chapa Dilma/Temer, o empresário preferiu não comentar. 

Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 45,98, +0,28%)

Após o fechamento do pregão da última sexta-feira, a Telefônica Brasil anunciou que renovou o programa de recompra de ações, que vencia naquele mesmo dia, de até 10% das ações ordinárias (ou 870,7 mil) e 3% das ações ordinárias (ou 41,5 milhões). O prazo do programa é até 8 de dezembro de 2018.

Em relatório, o BTG comentou que não espera que as recompras aumentem e que entende que se trata de uma simples renovação do programa que havia vencido (as condições, inclusive, são basicamente as mesmas).

Gol (GOLL4, R$ 7,81, +0,51%)

A Gol divulgou seus números prévios de dados de tráfego de maio, informando que o volume total de decolagens reduziu 3,3% e o total de assentos disponibilizados ao mercado recuou 2,9% em maio, ocasionando um recuo na oferta de 4,6%. A demanda reduziu em 2,4% no mesmo período. A taxa de ocupação em maio de 2017 foi de 76,6%, 1,7 p.p. superior ao mesmo período de 2016. 

A oferta no mercado doméstico reduziu 3,2% em maio comparado ao mesmo período de 2016. A demanda doméstica reduziu 1,9% no mês, elevando a taxa de ocupação para 76,9% ou 1,1 p.p. superior ao mesmo mês do ano anterior. A oferta no mercado internacional em maio de 2017 diminuiu 14,5%, enquanto a demanda reduziu 6,6%, ampliando a taxa de ocupação para 73,9%, o que representa um crescimento de 6,3 p.p. em relação ao mesmo período de 2016.

Azul (AZUL4, R$ 22,70, -1,94%)

 A companhia aérea Azul divulgou nesta segunda-feira alta de 14,3 por cento na demanda por voos domésticos em maio ante igual período do ano passado, enquanto a oferta de assentos avançou 15,1 por cento na mesma comparação.

Com isso, a taxa de ocupação em voos domésticos no período cedeu 0,5 ponto percentual, a 78 por cento.

Prumo (PRML3, R$ 8,34, +5,04%)
A EIG reafirmou estar preparada para seguir com a OPA da Prumo a R$ 10,53 por ação. “A despeito do fato de que as condições macroeconômicas no Brasil se deterioraram desde a divulgação do laudo de avaliação inicial, conforme evidenciado pela desvalorização da moeda em 2,7%, e a erosão relevante nos preços do petróleo, conforme evidenciado pela queda de 13.7% do preço do petróleo Brent, a EIG reafirma que está preparada para prosseguir com a OPA ao preço de R$ 10,53 por ação, previamente estabelecido pela empresa especializada, o quanto antes seja razoavelmente praticável”, segundo comunicado da Prumo.

“A EIG possui a expectativa de que a assembleia geral para deliberação de novo laudo de avaliação cumprirá com a lei integralmente e respeitará os direitos dos acionistas da companhia”; 

Na semana passada, a CVM indeferiu recursos apresentados por EIG e 9 West Finance, determinando que documentos relativos à OPA sejam alterados e reapresentados até 13 de junho, além pedir esclarecimentos sobre “como será preservado o direito de os titulares de ações em circulação efetivamente decidirem sobre a realização de nova avaliação da companhia”. A “EIG reiterou que jamais possuiu qualquer acordo, a qualquer título, com o Mubadala em relação à Prumo ou a OPA”, segundo o comunicado desta segunda-feira. 

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