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O Ibovespa fechou em queda de 0,38% nesta terça-feira (5), aos 117.331 pontos, na esteira daquilo visto no exterior, com investidores temendo uma desaceleração da economia global.
Lá fora, uma bateria de dados macroeconômicos reforçou o temor de que o produto interno bruto (PIB) mundial pode crescer menos do que o esperado. Na Europa, os preços ao produtor recuaram 7,6% na base anual em julho, acelerando na comparação com aquilo visto nos meses anteriores. Na China, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) teve leitura de 51,8 em agosto, ante 54,1 em julho.
“As bolsas globais operaram majoritariamente em baixa, impactadas por sinalizações de que a economia global vem perdendo força de maneira mais acentuada nos últimos meses. O setor de serviços chinês apresentou queda e segue desacelerando, demonstrando dificuldade na recuperação econômica do país. Na mesma linha, indicadores de indústria e serviços na Zona do Euro também recuaram, repercutindo negativamente nos principais índices do continente”, comenta Vanessa Naissinger, especialista de investimentos da Rico.
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Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,56%, 0,42% e 0,08%.
Ao mesmo tempo que a economia mundial desacelera, e até traz sinais de deflação, do outro lado, os treasuries yields americanos tiveram alta. O para dois anos ganharam 8,8 pontos-base, a 4,958%, e os para dez anos, 9,5 pontos, a 4,268%. Juros maiores nos Estados Unidos tendem a desacelerar ainda mais o crescimento mundial.
Com a alta dos rendimentos dos títulos públicos americanos e o temor de recessão, o DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras moedas de países desenvolvidos, teve alta de 0,56%. Frente ao real a alta foi de 0,82%, a R$ 4,975 na compra e na venda.
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Em grande parte, a alta dos juros se deu por conta da alta do petróleo. O barril Brent avançou 1,16% e fechou acima dos US$ 90,03, após integrantes da Opep+ anunciarem novos cortes de produção.
” A Arábia Saudita anunciou a prorrogação do corte de produção em 1 milhão de barris por dia até o fim do ano e a Rússia também fará o mesmo. Em Moscou, a redução será de 300 mil barris por dia também até o final do ano”, comenta Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
No Brasil, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram forte por conta do avanço da commodity, com altas de 4,60% e 3,34%, respectivamente. As ações ordinárias da PRIO (PRIO3) tiveram alta de 1,89% e as da 3R (RRRP3), 1,13%.
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As petroleiras, contudo, não conseguiram segurar o Ibovespa no verde. A curva de juros brasileira seguiu o exterior, com ajuda também de algumas questões locais (como ainda o fiscal), e puxou ações de companhias ligadas ao mercado interno
“No Brasil, também a gente tem a própria agenda econômica e política, além de [indefinição da] reforma ministerial trazendo instabilidades e fazendo com que o mercado caia”, comenta Cohen.
“Destaque para o dado de produção industrial referente a julho, que indicou queda de 0,6% no mês em comparação com o mês anterior, caindo além da expectativa do mercado. O dado demonstra a dificuldade do setor em avançar, ainda se mantendo abaixo dos níveis pré-pandemia”, completa Naissinger, lembrando que um menor crescimento econômico tende a impactar o fiscal e, decorrentemente, o juros.
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Os DIs para 2024 ficaram estáveis, a 12,38%, mas os para 2027 ganharam 10 pontos-base, a 10,49%. As taxas dos contratos para 2029 e 2031 subiram 14 e 15 pontos, na sequência, a 10,97% e 11,24%.
Entre as maiores quedas do Ibovespa ficaram as ações ordinárias da Via (VIIA3), com menos 7,14%, as da CVC (CVCB3), com menos 5,81%, e as do Magazine Luiza (MGLU3), com menos 3,24%.