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O Ibovespa fechou em queda de 0,53% nesta sexta-feira (15), aos 118.757 pontos, pressionado pelo cenário externo. Na semana, contudo, o principal índice da Bolsa brasileira avançou 2,99%. Assim, no acumulado deste ano, o Ibovespa soma alta de 8,2%.
“Tivemos uma sessão pressionada pelo humor externo, bem como por vencimento de opções, o que adicionou volatilidade tanto aqui quanto lá fora”, aponta Anderson Meneses, CEO da Alkin Research.
Hoje, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,83%, 1,22% e 1,56%. Por lá, investidores estão analisando os últimos dados macroeconômicos, que vieram mistos, antes de o Federal Reserve trazer sua decisão monetária na próxima quarta-feira (20).
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O consenso do mercado espera por uma manutenção das taxas de juros, mas os investidores estão ansiosos, sobretudo, é pelo comunicado e a entrevista coletiva de Jerome Powell, após a divulgação, quando podem ser dadas pistas sobre os passos da reunião de novembro do Fed.
Ibovespa encerra sequência positiva
Por aqui, hoje, o Ibovespa encerrou uma sequência positiva de quatro pregões, com a primeira queda na semana, período no qual acumulou valorização de 2,99%.
“A queda desta sexta-feira de certa forma foi uma realização dos lucros recentes, que ganhou amparo na queda dos índices de Nova York”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
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“Os juros futuros (DIs) foram puxados pela combinação dos dados de atividade mais fortes, tanto no Brasil e quanto nos EUA, o que pressiona as perspectivas de atuação mais dovish dos bancos centrais.”
Na véspera, nos Estados Unidos, dados da inflação ao produtor (IPP, na sigla em inglês) e das vendas de varejo vieram acima do consenso.
Hoje, do outro lado, a expectativa da inflação da Universidade de Michigan veio em 3,1%, ante 3,5% do consenso anterior.
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Já no Brasil, nesta sexta, as vendas de varejo vieram com alta de 0,7% em julho na base mensal, ante consenso de alta de 0,3%.
Juros
Nos Estados Unidos, os treasuries yields para dez anos ganharam 4,2 pontos-base, a 4,332%, e os para dois anos, 2,7 pontos, a 5,041%.
No Brasil, os DIs para 2024 ficaram estáveis, a 12,28%, mas os contratos para 2025 e 2027 ganharam, respectivamente, 4,5 e 10,5 pontos-base, a 10,34% e 10,92%. As taxas dos juros para 2031 fecharam a 11,24%, com mais 13 pontos.
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A alta dos juros no Brasil derrubou companhias do setor de varejo, apesar de o dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sugerir vendas mais fortes do que o esperado.
Essas empresas usualmente são sensíveis às taxas por serem impactadas em suas receitas, já que os consumidores compram menos em períodos de juros altos, e também nos seus gastos financeiros, por exigirem capital intensivo.
Ações da Bolsa
No destaque das baixas, novamente, estiveram as ações ordinárias de Via (VIIA3), com menos 15,56% – ainda refletindo a precificação abaixo das expectativas de seu follow-on da véspera.
Os papéis ordinários do Carrefour (CRFB3), por sua vez, perderam 7,04%, também com ajuda do corte do preço-alvo pela XP Investimentos, e os da Magazine Luiza (MGLU3) caíram 3,88%.
“As ações das construtoras e varejistas tiveram uma sessão negativa, em meio à alta dos juros futuros, após dados de vendas no varejo no Brasil acima das estimativas e com a pressão dos yields dos treasuries“, fala Nishimura.
Quem impediu o Ibovespa de recuar mais foram as empresas, sobretudo, do setor sucroalcooleiro.
“As ações das sucroalcooleiras subiram após o presidente Lula assinar ontem o projeto de lei que aumenta os limites para a proporção do etanol na gasolina, que é positivo porque quanto maior a mistura, maior a demanda por álcool, além da continuidade da alta dos preços do açúcar no mercado internacional, que seguem atingindo novos recordes”, explica o especialista da Nomos.
As ações ordinárias da São Martinho (SMTO3) e da Ultrapar ([ativo=UGPA4]) tiveram alta, respectivamente, de 3% e 1,55%.
VALE3 e commodities
“Já a Vale (VALE3) foi puxada pelos dados econômicos da China, bem como pelos cortes de juros e os estímulos monetários”, menciona Enrico Cozzolino sócio e head de análise da Levante Investimentos.
No gigante asiático, produção industrial, varejo e serviços ensaiaram uma recuperação em agosto. As ações da mineradora caíram 0,83%, hoje, com realização de lucors, mas avançaram 4,24% na semana.
Por fim, a alta das commodities puxou também o real. Nesta sexta a moeda brasileira ficou estável frente a americana, a R$ 4,87, mas caiu 2,2% na semana.
“O real vem se valorizando por conta da melhora – aparente – que vem ocorrendo na economia da China. O país asiático é um grande comprador de commodities e puxa o Brasil, com nossa balança comercial. A China trouxe hoje bons dados e isso também ajuda nossa moeda”, explica Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.