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Ibovespa cai 0,77% e vai à mínima do ano, acompanhando exterior após Fomc; dólar tem leve queda

Apesar de tom mais leve da autoridade monetária americana, parte do mercado esperava que o Fed poderia, já nesta reunião, ser mais brando

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,77% nesta quarta-feira (22), aos 100.220 pontos, nova mínima do ano. O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou principalmente o que foi visto no exterior, em dia movimentado de decisão de taxa de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,63%, 1,65% e 1,60%.

Apesar de analistas terem visto que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) trouxe uma linguagem suave após a decisão de alta de 0,25 ponto percentual da taxa de juros americana, para o intervalo entre 4,75% e 5%, houve quem se frustrou.

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“Dia começou com um tom mais positivo. Tínhamos certa expectativa de reação positiva dos mercados caso o Fed trouxesse um tom de resgate, de financiamentos e de possibilidade de não subir mais os juros”, comentou Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos.

Com a recente quebra de bancos nos Estados Unidos, como no caso do Silicon Valley Bank, parte do mercado passou a acreditar que a instituição monetária americana encerraria suas altas já nesta reunião – uma vez que os juros em patamares elevados vêm pressionando as instituições financeiras menores. O Fed, porém, subiu a taxa e sinalizou mais uma alta no próximo encontro.

“O viés, porém, não se manteve. O mercado caiu na real com a tendência de alta após os comentários [de Jerome Powell, presidente do Fed]. Tivemos esse choque de realidade, mas nada que espante”, avalia o especialista da Levante.

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Em coletiva pós-Fomc, Powell voltou a falar sobre preocupações com a inflação, disse que o BC notou “alguma suavização” nos preços e que a desinflação está, definitivamente, acontecendo. No entanto, apontou que o Fed está preparado para fazer novas altas, caso seja necessário.

Leandro De Checchi, analista da Clear, explica que a decisão foi unânime e se baseou na inflação ainda elevada e no mercado de trabalho forte.

“A alta aconteceu mesmo com as recentes incertezas relacionadas ao setor financeiro que devem deteriorar as condições de crédito por lá. A decisão trouxe volatilidade aos mercados e as Bolsas americanas voltaram a recuar, o que reforça a tese de aversão ao risco. Provavelmente, veremos mais realização”, debate De Checchi.

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“O Fed entregou outra alta de 25 pontos-base, mas o anúncio foi acompanhado em uma mudança da orientação futura. Houve um ajuste fino no tom da comunicação no qual o termo ‘aumentos contínuos’ foi substituído por ‘aumentos pontuais’. isso foi suficiente para o mercado interpretar o recado como dovish. O dólar despencou”, afirma Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, sobre a reação logo após a decisão, que depois foi amenizada.

Os treasuries yields para dois anos, apesar da alta, caíram 20,7 pontos-base, a 3,97%. Os ganhos dos títulos para dez anos recuaram 15,7 pontos, a 3,449%.

“Por aqui, o Ibovespa negociou sem direção definida durante quase todo o pregão e até esboçou algum otimismo puxado pelo setor financeiro. Mas com o mau humor do mercado externo e as incertezas sobre a nova âncora fiscal, perdeu força e devolveu os ganhos”.

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O DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras moedas de países desenvolvidos, caiu 0,73%, aos 102,51 pontos. Frente ao real, a divisa americana caiu 0,17%, a R$ 5,236 na compra e a R$ 5,237 na venda.

No Brasil, investidores também aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai após às 18h – com muita incerteza também rondando a autoridade monetária.

A curva de juros brasileira caiu em bloco. Os DIs para 2025 perderam 8,5 pontos-base, a 12,04%, e os para 2027, 14 pontos, a 12,29%. As taxas dos contratos para 2029 recuaram 15 pontos, para 12,7%, e as dos contratos para 2031, 13 pontos, a 13,03%.

Além da pressão externa, investidores receberam com algum otimismo os nomes indicados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cargos de diretores do Banco Central. A movimentação, para alguns, foi vista sinal de que menor interferência política na instituição, que vem sendo atacada por algumas alas do governo.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o nome de Rodolfo Fróes (indicado para diretor de Política Monetária do BC) é mais voltado ao mercado, uma vez que vem do Banco Fator. Rodrigo Monteiro (indicado para diretor de Fiscalização do BC), por ser servidor de carreira ,também não deve causar tanto ruído.

“Quanto aos indicados ao Banco Central, mais do quem quem são, o que é destaque é a forma que o Haddad costurou o dialogo entre o executivo e a autoridade monetária. Campos Neto indicou nomes tecnicamente competentes e Haddad intermediou com capacidade”, explica Cozzolino.