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O Ibovespa fechou em queda de 0,94% nesta quinta-feira (24), aos 117.025 pontos, acompanhando o que foi visto no exterior. Investidores mundo afora mantêm certa cautela, aguardando as falas de autoridades monetárias no simpósio de Jackson Hole.
“Hoje, quinta-feira, marcou o início do tão aguardado Simpósio de Jackson Hole, um encontro que reúne as principais autoridades monetárias do mundo. A expectativa é de que durante os discursos, os representantes dos bancos centrais forneçam indicações sobre como estão abordando os riscos associados às políticas restritivas e ao crescimento econômico”, explica Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tem um discurso marcado para amanhã que está, obviamente, no centro das atenções.
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“Ontem, os dados sobre a atividade econômica nos Estados Unidos reavivaram preocupações quanto ao crescimento da economia do país. O PMI [Índice de Gerentes de Compras, na sigla em inglês] composto ficou abaixo das expectativas, registrando 50,4 pontos em agosto em comparação com os 52,0 pontos de julho. Esta foi a maior queda desde novembro de 2022 e coloca pressão sobre o Fed para reconsiderar sua política monetária mais restritiva”, acrescenta Costa.
Segundo o especialista, apesar dos sinais, parte do mercado quer mais detalhes para orientar suas estratégias – até porque os dados trazem sinais dúbios uma vez que, apesar do PMI fraco, hoje os novos pedidos de seguro desemprego da senana encerrada no dia 19 de agosto vieram em 230 mil, aquém dos 240 mil do consenso, mostrando uma mercado de trabalho mais aquecido que o esperado.
O que é falado durante o simpósio pode afetar o modo como as pessoas esperam que a economia vá se sair e as decisões que os governos podem tomar em relação ao dinheiro, principalmente relacionado a inflação, taxa de juros e crescimento”, explica André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
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Com o clima de cautela, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 1,08%, 1,35% e 1,87%. O modo de espera ofuscou, inclusive, o forte resultado da NVidia da véspera, que teria “validado o boom das ações tech. A ação da própria companhia, após disparar 8% no pré-mercado desta quinta, fechou próxima à estabilidade.
O dólar acabou ganhando força mundialmente. O DXY, que mede sua força frente a outras divisas de países desenvolvidos, subiu 0,58%, aos 104,02 pontos. Frente ao real, a alta foi de 0,51%, a R$ 4,88 na compra e na venda.
O movimento do exterior acabou ofuscando a melhora do cenário brasileiro. Os juros DIs voltaram a recuar, com o para 2024 perdendo 1,5 ponto-base, a 12,39%, e o para 2025, três pontos, a 10,41%. As taxas dos contratos para 2027 caíram 5,5 pontos, a 10,15%, e os para 2029, quatro pontos, a 10,68%. Os DIs para 2031 caíram dois pontos, a 11,00%.
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“No âmbito brasileiro, a Câmara dos Deputados aprovou uma medida provisória que definiu o salário mínimo como sendo de R$ 1.320 neste ano. Essa medida também introduziu uma nova abordagem para o aumento anual e realizou mudanças na faixa de renda que fica isenta do Imposto de Renda”, explica o especialista da Manchester, que destacou também a recente aprovação do arcabouço fiscal.
“O arcabouço pode contribuir para a estabilidade econômica ao evitar déficits excessivos e dívidas insustentáveis. Isso pode aumentar a confiança dos investidores internos e externos e dos mercados financeiros, resultando em taxas de juros mais baixas e maior investimento. Deve também melhorar acompanhamento da inflação, já que o governo terá mais controle sobre o financiamento de suas despesas”.