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O Ibovespa fechou em queda de 1,20% nesta terça-feira (25), aos 114.625 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira descolou, mais uma vez, do que foi visto no exterior, onde os benchmarks mais importantes avançaram.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, na sequência, 1,07%, 1,63% e 2,25%, com investidores ainda repercutindo a possibilidade de o Federal Reserve diminuir o ritmo das altas dos juros e também os resultados corporativos do terceiro trimestre.
“O mercado lá fora está animado, com grande destaque sendo a Nasdaq. Os EUA ainda refletem os resultados trimestrais das empresas, aguardando também a publicação dos balanços das big techs. Estas empresas surfam também devido à queda das taxas dos títulos do tesouro com vencimento em dez anos”, explica Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
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Na semana passada, houve sinalizações de que o Federal Reserve pode desacelerar o ritmo de subida da taxa de juros oficial do país, para 50 pontos-base em dezembro – hoje, o monitoramento do CME Group trouxe que 43,2% dos investidores escutados esperam um recuo menor na ocasião.
Os treasuries yields voltaram, com isso, a cair. Os dos títulos para dois anos foram a 4,462%, com menos 3,6 pontos-base, e os dos títulos para dez anos a 4,075%, com menos 15,7 pontos.
Entre os dados macroeconômicos que ajudaram a derrubar os juros, a confiança do consumidor medida pelo Conference Board trouxe, hoje, uma leitura de 102,5, aquém dos 106,5 do consenso. Já os preços dos imóveis, medidos pela a S&P, recuaram 0,7% em agosto. Ambos dados sinalizam uma economia mais fraca e, potencialmente, um enfraquecimento da inflação.
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No Brasil, a curva de juros fechou mista. Os DIs para 2023 ficaram estáveis, os DIs para 2025 ganharam dois ponto-base, a 11,84%, e os DIs para 2027 perderam 3,5 pontos, a 11,67%. Os rendimento dos DIs para 2029 e 2031 recuaram, respectivamente, três e dois pontos, a 11,82% e 11,92%.
“Saíram os dados de arrecadação do Governo Federal, que vieram positivos e que levam a um menor risco fiscal. Eles aumentam também a possibilidade de o Banco Central trazer um recuo de Selic antes do segundo semestre de 2023”, afirma Madruga.
Stephan Kautz, economista-chefe EQI Asset, acrescenta que o mercado de juros brasileiro viu com bons olhos a publicação IPCA-15.
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“Apesar de ter vindo acima daquilo que esperávamos, com alta de 0,16%, foi um bom número. A alta foi concentrada em itens muito voláteis, como passagens aéreas e perfumes. Além disso, o qualitativo veio bem”, debate Kautz. “Investidores devem começar a se questionar quando o Banco Central conseguirá iniciar um ciclo de cortes, mas isso dependerá muito dos próximos dados da inflação”.
Os dois especialistas destacaram que companhias ligadas ao mercado interno, como varejistas e empresa de educação, se beneficiaram de ambas as publicações. Entre as principais altas do Ibovespa, ficarma as ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3), com mais 5,15%, as da Ydqus (YDUQ3), com mais 4,61% e as da Cogna (COGN3), com mais 2,78%.
Essas empresas tendem a se beneficiar também no caso de vitória do ex-presidente Lula (PT) ao cargo de presidente da República, com o segundo turno das eleições para acontecer no próximo domingo.
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“Mercado brasileiro, como um todo, está olhando mais o tema da eleição. Na semana passada, investidores estavam apostando em uma vitória do Bolsonaro (PL), mas com os eventos do final de semana, ficaram um pouco mais ressabiados. As estatais, por isso, sofrem mais”, completa o economista da EQI.
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) voltaram a ficar entre as principais quedas do Ibovespa, com menos 1,50% e 2,10%, respectivamente. As ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 1,72%.
“Mais uma vez o Ibovespa teve um resultado aquém de outras bolsas internacionais, por conta do cenário político. Recebemos novas pesquisas eleitorais entre o fechamento do pregão ontem e a sessão de hoje, que continuaram mostrando um cenário de vitória de Lula, com alguma folga”, termina Rafael Pacheco, economista da dolarGuide Investimentos.
O dólar ganhou 0,26% frente ao real, a R$ 5,316 na compra e a R$ 5,317 na venda. Lá fora, com a menor aversão ao risco, o DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de moedas, teve baixa de 1%, indo aos 110,87 pontos.