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O Ibovespa chegou a superar os 123 mil pontos na sessão desta terça-feira (25), com uma alta de 1,37%, a 123.009 pontos, mas se afastou das máximas e fechou com ganho de 0,55%, aos 122.007 pontos. A performance dos bancos acabou amenizando a alta puxada pelos dados do IPCA-15 de julho, divulgados nesta manhã pelo IBGE.
“As ações dos bancos, com exceção para Itaú (ITUB4), tiveram mais uma sessão negativa e foram penalizadas pela intenção do governo em acabar com os juros sobre capital próprio (JCP), instrumento bastante utilizado pelo setor e que poderia acarretar no aumento da carga tributária”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. Na véspera, os papéis já haviam caído após as declarações de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sobre o tema.
Especialistas também aguardam, com alguma cautela, a divulgação do resultado do Santander Brasil (SANB11) nessa quarta.
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O dado macroeconômico do IPCA-15, por outro lado, fortaleceu a expectativa de que o Brasil pode passar por um recuo dos juros em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no início do próximo mês.
Na esteira dos dados, as taxas dos contratos futuros de juros precificaram chances majoritárias – 66% – de o Banco Central cortar a Selic neste percentual em agosto, com os 34% restantes prevendo ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.
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As taxas dos DIs para 2024 perdem cinco pontos-base, negociadas a 12,65%, e as dos para 2025, 4,5 pontos, a 10,65%. Os rendimentos dos contratos para 2027 e 2029 recuam 1,5 pontos e 1 ponto, a 10,15% e a 10,53%.
A prévia da inflação do sétimo mês do ano teve leitura de queda de 0,07%, contra projeção de recuo de 0,01% do consenso.
“A deflação veio melhor do que a nossa expectativa e da do mercado. Além disso, o índice foi benigno também na composição, ao se abrir o número. Com isso, uma expectativa de baixa 50 pontos da Selic na próxima reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], no dia 2 de agosto, ganha força”, fala Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
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O índice, de acordo com Costa, trouxe descontos com o bônus de Itaipu e dos estímulos do governo para eletrodomésticos e automóveis. Na parte de serviços, o núcleo de serviços desacelerou, o que “é uma boa notícia”.
“O indicador é o último oficial a ser publicado antes de o Banco Central ter sua reunião. Então é um elemento importante na avaliação da autoridade monetária de como está o processo de inflação no Brasil, obviamente”, complementa o especialista da Monte Bravo.
Entre as maiores altas do Ibovespa ficaram, justamente, empresas ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da construtora EzTec (EZTC3) subiram 6,21%, as do Méliuz (CASH3), 4,20%, e as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 3,65%. As ações do setor doméstico e de crescimento acabam sendo mais impactadas uma vez que um corte mais forte nos juros estimula a economia, além de impulsionar a Bolsa no geral, sendo um dos catalisadores esperados para o mercado brasileiro neste segundo semestre.
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“Os dados corroboram com a nossa visão de um corte de 50 pontos na próxima reunião, o que já tínhamos falado na carta mensal, e de 11,25% no final do ano”, corrobora Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital.
Conforme destaca a Levante Corp, a pergunta é até que ponto essa baixa do IPCA-15 vai prosseguir ao longo do ano, e qual sua capacidade de influenciar as decisões futuras do Comitê de Política Monetária (Copom).
“A avaliação preliminar é que as notícias são positivas – toda convergência da inflação para a meta é positiva – mas será preciso observar o comportamento do índice nos próximos meses para saber se essa baixa é pontual ou se está em uma tendência mais consistente”, avalia a casa, o que, consequentemente, pode se traduzir em mais ganhos para o Ibovespa.
Mirella Hirakawa, economista-sênior da AZ Quest, avalia, por sua vez que, ainda que o IPCA-15 de julho tenha registrado queda maior que a esperada, o número não deve ser suficiente para que o Copom inicie um ciclo de cortes de juros mais agressivo.
Ou seja, ainda há uma divisão do mercado, ainda que, a princípio, as notícias sejam positivas para a Bolsa.
Fora o IPCA-15 e companhias do mercado interno, o Ibovespa nesta terça também teve ajuda para subir das companhias exportadoras de commodities, após a China anunciar estímulos aos setor imobiliário. As ações ordinárias da CSN ganharam 5,90%, as da CSN Mineração (CMIN3), 2,31% e as da Vale (VALE3), 3,09%, todas repercutindo a alta de 1,36% do minério de ferro em Dalian, com a tonelada negociada a US$ 119,94.
“Terminou a reunião do órgão mais voltado à economia do Partido Comunista Chinês e agora vamos ter uma sequência de anúncio de medidas. O overnight, por lá, foi favorável. As Bolsas subiram mais de 3% na China”, contextualiza Costa.
Em Nova York, investidores seguem um pouco cautelosos – uma vez que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve, amanhã, aumentar a fed funds em 25 pontos-base, para o intervalo de 5,25% e 5,5%. Apesar de a alta ser consenso, investidores aguardam as sinalizações da autoridade monetária da maior economia do mundo.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq têm altas de, respectivamente, 0,03%, 0,09% e 0,37%.
“O comitê do Federal Reserve é o mais importante hoje de política monetária. Eles definem qual vai ser a política de juros nos Estados Unidos, que é a principal economia do mundo e que influencia diretamente no dólar, que é a principal moeda de troca”, expõe Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,36%, a R$ 4,750 na compra e na venda, com reação ao IPCA-15 e à espera do Federal Reserve.