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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (16) pressionado pelo exterior. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram respectivamente 0,86%, 0,75% e 0,8% em meio a dados conflitantes sobre a economia. Enquanto isso, por aqui o vencimento de opções acabou aumentando a volatilidade das blue chips.
No radar macroeconômico, as vendas no varejo nos Estados Unidos cresceram 0,6% em junho, bem acima da expectativa média dos economistas, que era de queda de 0,4%. Por outro lado, a confiança do consumidor apurada pela Universidade de Michigan caiu de 85,5 pontos em junho para 80,8 pontos em julho, seu menor patamar desde fevereiro.
Essa falta de clareza sobre o ritmo da retomada da economia americana acaba inspirando cautela nos investidores, que preferiram zerar posições compradas antes do fim de semana.
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Além disso, o mercado seguiu monitorando o noticiário sobre a inflação dos EUA, após falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, aumentarem o mau humor em Wall Street na véspera.
Powell afirmou que a alta dos preços no país coloca a inflação em nível desconfortavelmente acima do que seria consistente com os objetivos do Fed, embora ele mantenha o discurso de que as pressões inflacionárias são transitórias. Já Yellen afirmou que prevê que os preços podem continuar a subir por vários meses antes de “desaquecerem a níveis normais”. E ressaltou que é preciso manter atenção sobre o indicador.
Por aqui, os senadores aprovaram ontem à noite a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 por 40 votos a 33. O relatório traz as regras para a construção do Orçamento do próximo ano. O texto já havia sido aprovado pela Câmara e segue agora para sanção presidencial.
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No noticiário político também sobram avaliações sobre o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro. As informações são de que ele retirou a sonda nasogástrica e fará tratamento clínico para não precisar de outra cirurgia.
“O senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, passa bem e permanece evoluindo satisfatoriamente, com a conduta médica inalterada. O presidente segue sem previsão de alta hospitalar”, afirma o boletim médico do hospital.
O Ibovespa teve queda de 1,18%, a 125.960 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,26 bilhões. Com isso, o benchmark da bolsa brasileira encerrou a semana com alta acumulada de 0,42%.
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Enquanto isso, o dólar comercial teve leve variação positiva de 0,01% a R$ 5,115 na compra e a R$ 5,115 na venda, acumulando perdas de 2,66% na semana. Já o dólar futuro com vencimento em agosto registra leve variação negativa de 0,03% a R$ 5,121 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 ficou estável a 5,79%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de três pontos-base a 7,25%, o DI para janeiro de 2025 recuou cinco pontos-base a 8,19% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de quatro pontos-base a 8,59%.
Voltando ao exterior, algumas das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos divulgaram fortes lucros e receitas em meio à recuperação econômica, mas a reação do mercado tem sido morna. No total, 18 empresas que compõem o índice S&P 500 tiveram resultados no segundo trimestre em média 18% acima do previsto por analistas. Porém, elas tiveram em média queda de 0,58% no valor das ações após a divulgação nesta semana, em que o índice S&P como um todo recuou 0,2%.
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Ações de grandes empresas de tecnologia, por outro lado, tiveram desempenho forte na semana. As da Apple subiram 2,3%; as de Netflix, Alphabet e Microsoft subiram ao menos 1,1% cada uma.
Hoje, o Banco do Japão reduziu sua expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) real de 2021 dos 4% previstos em abril para 3,8%. Também manteve a meta da curva de rendimentos de títulos do governo de curto prazo em -0,1%, e para títulos com vencimento em dez anos em 0%.
Na Europa, a aceleração de novas contaminações por Covid por conta da variante delta do coronavírus continua a pesar entre os investidores. Vários países europeus vêm retomando medidas de distanciamento social. O Reino Unido, no entanto, mantém os planos de suspender as últimas medidas em vigor no país a partir da próxima segunda.
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Covid e CPI
Na quinta (15), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.244, queda de 19% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 1.552 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 42.708, queda de 18% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 52.720 casos.
Chegou a 87.060.421 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 41,11% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 32.619.342 pessoas, ou 15,4% da população.
Na quinta, o representante comercial da empresa Davati, Cristiano Carvalho, disse em depoimento à CPI da Covid que autoridades do Ministério da Saúde o procuraram para tratar da venda de vacinas, e não o contrário. Ele confirmou um pedido de propina feito por um grupo de pessoas ligadas à pasta no âmbito da negociação.
De acordo com Carvalho, o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti, também representante da Davati, relatou a ele o pedido de um “comissionamento” feito pelo coronel do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde.
“A informação que veio a mim… vale ressaltar isso não foi o nome propina, tá? Ele usou comissionamento. Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco”, disse Carvalho aos senadores. Na época, Blanco já não tinha ligação com o ministério, onde foi assessor do ex-diretor de Logística Roberto Dias, demitido após ter sido acusado por Dominguetti de ser o responsável pelo pedido de propina.
No entanto, Carvalho afirma que foi procurado pelo coronel Blanco e que, apesar de não se apresentar como servidor do ministério, ele teria uma posição “dúbia”. O coronel não era servidor, mas continuava assessorando Dias, disse Carvalho. “Não era nem um militar da ativa e nem um servidor no exercício da função então ficava meio dúbia a situação dele”, disse.
Carvalho disse ainda que logo após o jantar em que Blanco e Dias teriam pedido a Dominguetti a propina para compra de vacinas, o PM o informou do ocorrido. “Inicialmente, logo após o jantar que ele eventualmente teve com o coronel Blanco e com o Roberto Dias acredito que, no dia seguinte, no máximo, eu fui reportado de que tinha um pedido de comissionamento extra… Passou-se algum tempo, num dia em que eu estive aqui em Brasília, no dia 12 de março, ele me explicou que tinha sido um pedido na presença do Roberto Dias”, contou.
Dias afirma que não fez pedido nenhum e que encontrou por acaso Dominguetti e Blanco em um restaurante em um shopping de Brasília. Não foi possível localizar Blanco para pedir um comentário.
O representante da Davati foi convocado à CPI depois que Dominguetti disse ter recebido de Roberto Dias um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina para fechar uma venda de 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca ao ministério. Dias nega irregularidades, e saiu detido da CPI quando lá prestou depoimento, acusado de mentir sob juramento.
Carvalho negou ter procurado o ministério para tentar vender vacinas e mostrou mensagens de celular impressas que apontam que ele foi procurado por Roberto Dias. “Eu nunca entrei em contato com o Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde é que me procurou através do sr. Roberto Ferreira Dias”, afirmou.
Carvalho disse ainda que o valor de US$ 1 por dose de vacina que teria sido requisitado a Dominguetti nunca chegou a ele, e avaliou o pedido como “absurdo”. Blanco, no entanto, teria perguntado a ele quanto era a comissão total que a Davati receberia pela venda de vacinas, ao que o representante da empresa afirmou que seria de US$ 20 centavos por dose de vacina. Ao ouvir isso, Blanco teria dito que iria conversar com Roberto Dias. Carvalho negou ter tratado de “comissionamento” com Dias, e disse que depois desse pedido feito a Dominguetti todos os contatos com ele foram feitos por Blanco.
Carvalho disse que esteve somente uma vez no Ministério da Saúde, em Brasília, no dia 12 de março, e na ocasião se reuniu, com o então secretário-executivo da pasta, o coronel Élcio Franco, entre outras pessoas. Franco também já foi ouvido pela CPI.
A nova menção a Franco, que deixou a secretaria-executiva do Ministério da Saúde e atualmente ocupa o cargo de assessor especial da Casa Civil, levou o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), a defender que ele seja exonerado do cargo. Segundo o presidente do colegiado, uma pessoa que tem o nome envolvido em suspeitas de irregularidades não poderia ocupar um cargo “na antessala” do gabinete do presidente da República.
Mesmo com o presidente Jair Bolsonaro internado em um hospital em São Paulo, postagens na conta oficial dele no Twitter criticaram a CPI e o depoimento de Carvalho. A conta do presidente lembrou que nenhum acordo foi fechado pelo Ministério da Saúde por meio da Davati.
“O que frustra o G-7 (grupo de senadores da CPI) é não encontrar um só indício de corrupção em meu governo. No caso atual querem nos acusar de corrupção onde nada foi comprado, ou um só real foi pago”, disse a postagem. “No circo da CPI Renan, Omar e Saltitante estão mais para três otários que três patetas”, acrescentou, em referência a senadores do colegiado.
Além disso, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), informou na quinta-feira em suas redes sociais que foi diagnosticado novamente com a Covid-19 em um teste de rotina. O governador cancelou seus compromissos oficiais, mas disse estar “muito bem” após ter recebido as duas doses da vacina CoronaVac.
Saúde de Bolsonaro, diretrizes orçamentárias e homicídios
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira, em uma entrevista à RedeTV concedida por vídeo do hospital Vila Nova Star onde está internado em São Paulo desde quarta, que não terá que fazer cirurgia para resolver o problema de obstrução intestinal que o levou a ser hospitalizado, e que pode receber alta já nesta sexta-feira.
A informação foi confirmada pelo médico do presidente, Antonio Macedo, que estava ao lado de Bolsonaro durante a entrevista concedida ao vivo do quarto do hospital. “Cheguei aqui ontem com indicativo muito forte de cirurgia, mas a chance de cirurgia agora está bastante afastada”, disse o presidente, acrescentando que está se sentindo bem. De acordo com Macedo, a área do intestino em que há a obstrução está mais permeável e o órgão voltou a funcionar, o que afastou a necessidade de cirurgia.
O boletim médico divulgado pelo hospital mais cedo na quinta afirmava que Bolsonaro está “evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente” sem previsão de alta.
Além disso, os senadores aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 por 40 votos a 33. O relatório traz as regras para a construção do Orçamento do próximo ano. O texto já havia sido aprovado pela Câmara e segue agora para sanção presidencial.
Uma das principais mudanças do parecer do deputado Juscelino Filho (DEM-MA) diz respeito ao financiamento público de campanhas eleitorais. O parlamentar propôs um novo cálculo que pode elevar a verba a R$ 5,7 bilhões, mais que o dobro dos R$ 2 bilhões de 2020, último ano com eleições no País.
O relator também garantiu as emendas de relator, a RP9, que não estavam previstas no projeto enviado pelo governo ao Congresso em abril. Essas indicações estão no centro do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e usado pelo governo para destinar recursos para redutos eleitorais de parlamentares no ano passado, sem os critérios de distribuição e a transparência adotados para as demais emendas. A LDO é justamente a proposta que dá base ao Orçamento e define as regras para pagamento dessas emendas.
O texto manteve ainda o valor do salário mínimo de R$ 1.147 e déficit de R$ 170 bilhões nas contas públicas. Veja mais clicando aqui.
Além disso, foi divulgado na quinta o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública relativo a 2020. Realizado com base em registros das polícias de cada estado, o levantamento indicou que o Brasil voltou a registrar altas nos assassinatos após dois anos, com 50.033 assassinatos no país, 4,8% a mais do que no ano anterior, com piora mais crítica no Nordeste. A taxa de homicídios chegou a 23,6 por 100 mil habitantes, frente a 22,7 no levantamento anterior.
Foram registrados menos roubos, mas houve 6.416 mortes em ações das polícias, o maior patamar desde 2013, o que contribuiu para elevar a taxa de homicídios no Brasil. Como fatores para a elevação da taxa de homicídios no Brasil, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca o motim da Polícia Militar no Ceará, que vinha liderando a queda nos homicídios em anos anteriores.
Na avaliação do Fórum, o motim prejudicou políticas de segurança e fortaleceu a disputa entre facções. O documento afirma que “esse processo de desarranjo político das instituições cearenses deu margem para os planos de expansão do Comando Vermelho local, que iniciou ofensiva sobre os territórios dos Guardiões do Estado –seu maior rival local, e a violência, que estava contida, voltou”.
Outros estados em que houve atritos entre forças de segurança e governos estaduais também aparecem na dianteira das altas, como Maranhão, Paraíba, Piauí e Alagoas.
O Fórum também aponta o aumento da circulação de armas de fogo no país, bandeira do governo Bolsonaro, como um dos fatores para a alta dos homicídios. Em 2020 a Polícia Federal registrou 186.071 novas armas, 97,1% a mais em relação ao ano anterior, totalizando 2.077.126 armas particulares registradas. Em 2019, armas de fogo foram usadas em 72,5% dos homicídios; em 2020, em 78%.
Radar corporativo
A fabricante de materiais de construção Duratex, dona de marcas tradicionais como Deca, Hydra, Portinari e Durafloor, anunciou nesta quinta-feira, 15, um grandioso plano de investimentos de R$ 2,5 bilhões para o período de 2021 a 2025, visando expandir sua capacidade de produção de painéis de madeira, revestimentos cerâmicos, louças e metais sanitários.
A companhia também anunciou uma grande mudança na sua identidade. A partir de agora, passará a se chamar DexCo. A ideia é criar um nome que faz jus ao conglomerado em que se tornou a companhia, com atuação em diversos segmentos. Já o nome Duratex vem desde a fundação da empresa, há 70 anos, e se confundia com sua linha de produtos de madeira. Com o novo nome, o ticker das ações negociadas em Bolsa também vai mudar. A partir de 19 de agosto, será DXCO3 em vez de DTEX3.
Três companhias divulgaram prévias operacionais do segundo trimestre de 2021. A MRV anunciou que seus lançamentos de abril a junho somaram R$ 2,40 bilhões em valor geral de vendas (VGV), alta 5,4% sobre um ano antes. Já a construtora Eztec anunciou nesta quinta-feira que teve vendas líquidas de R$ 284,7 milhões no segundo trimestre, alta de 20,7% sobre o desempenho dos três primeiros meses do ano e mais que o dobro em relação ao vendido no mesmo período do ano passado. A Tenda, por sua vez, registrou lançamentos de 20 empreendimentos, totalizando o recorde de R$ 986 milhões (alta de 56% na base anual).
Maiores altas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
BTOW3 | 4.15071 | 68 |
SBSP3 | 2.12121 | 37.07 |
MRFG3 | 1.56419 | 18.83 |
LAME4 | 1.50559 | 20.9 |
RADL3 | 1.46067 | 27.09 |
Maiores baixas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
EMBR3 | -3.99562 | 17.54 |
CSNA3 | -3.45572 | 44.7 |
AZUL4 | -3.22581 | 40.5 |
BRKM5 | -2.67354 | 60.43 |
GOLL4 | -2.48531 | 21.58 |
A Cruzeiro do Sul anunciou na quinta-feira a compra do grupo universitário Moura Lacerda por R$ 54 milhões, valor que será pago em cinco anos.
A Méliuz precificou o follow on, ou oferta subsequente, a R$ 57 por ação, ou desconto de 4,4% em relação ao preço de fechamento da véspera, a R$ 59,60. A empresa levantou R$ 427,5 milhões com a distribuição primária, enquanto os acionistas vendedores captaram R$ 727,7 milhões, com a distribuição de 12,77 milhões de ações.
Já os credores da mineradora Samarco, joint venture da brasileira Vale com o grupo anglo-australiano BHP, apresentaram na quinta-feira uma objeção à proposta de recuperação judicial apresentada pela empresa, segundo documento judicial visto pela agência internacional de notícias Reuters.
No documento, os credores afirmaram que o principal objetivo do plano proposto é proteger as gigantes da mineração donas da Samarco e reduzir os pagamentos futuros aos detentores de títulos e credores. Eles rejeitaram a oferta da Samarco de um desconto de 85% no valor a ser pago aos maiores credores da companhia, incluindo os acionistas Vale e BHP, que têm R$ 24 bilhões a receber da joint venture.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)
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