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Ibovespa recua 0,91% e dólar avança 0,42% com exterior e novos rumores sobre meta de inflação

Juros mais altos no EUA tendem a retirar investimentos de emergentes, tendência que é fortalecida por ataques de Governo Federal ao BC

Vitor Azevedo

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O Ibovespa caiu 0,91% nesta terça-feira (14), indo aos 107.848 pontos, repercutindo o noticiário político local e também acompanhando o que aconteceu no exterior.

O principal índice da Bolsa brasileira já vinha em queda durante boa parte do dia, seguindo os benchmarks de Nova York.

Por lá, Dow Jones e S&P 500 fecharam com baixas de, respectivamente, 0,46% e 0,03%, impactados pela publicação de dados de inflação. O Nasdaq, contudo, fechou em alta de 0,57%, segurado pelas ações da Tesla, que têm peso importante no índice e que subiram 7,51%.

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O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) CPI dos Estados Unidos subiu 0,5% em janeiro, dentro do consenso, mas trazendo dados que alarmam investidores.

“Nos Estados Unidos, tivemos dados de inflação em linha com o esperado no mês a mês. No anualizado, veio um pouco acima, bem como no seu núcleo. Isso traz a expectativa de uma postura um pouco mais firme do Federal Reserve na próxima reunião. Temos uma valorização dos tesouros americanos”, explica Bruno Madruga, sócio e Head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos.

Com a inflação um pouco mais forte nos Estados Unidos, os treasuries yields para dois anos ganharam um ponto-base, a 4,622%, e os para dez anos, 3,2 pontos, a 3,751%.

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No Brasil, foi também a relação entre juros e inflação que derrubou o mercado, principalmente no que tange os rumores de que o presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva pretende expandir a meta de inflação que piorou os ânimos dos investidores.

O presidente do Banco Central Roberto Campos Neto realizou na noite de ontem uma entrevista coletiva no Roda Viva, programa da TV Cultura, na qual tentou sinalizar uma aproximação do Governo Federal e a possibilidade de queda do juros no caso de um fiscal sob controle.

Hoje, contudo, voltaram a circular comentários, segundo notícia do Broadcast, de que Lula quer aumentar a meta de inflação em até um ponto percentual, para 4,25% – que depois foi negado por um texto da Bloomberg. De qualquer forma, partidários de Lula participaram de evento na Câmara dos Deputados utilizando camisas e trazendo placas que pediam “Juros Baixos Já”.

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“O mercado ainda repercute muito o tom de conflito entre o Poder Executivo e a autoridade monetária, no caso o Banco Central. A independência do Banco Central é um tema delicado para os investidores e o executivo vem trazendo declarações fortes e tentativas que estão sendo interpretadas pelo mercado como uma intervenção na política monetária”, comenta Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

Os especialistas defendem que “tentar abaixar o juros na canetada” acaba aumentando a insegurança de investir no Brasil – bem como aumentar a meta de inflação.

A curva de juros fechou majoritariamente em alta. As taxas dos DIs para 2025 perderam 12,5 pontos-base, a 12,82%, mas as dos contratos para 2027 e 2029 ganharam, respectivamente, um e três pontos, a 13,09% e 13,36%. Os DIs para 2031 foram a 13,51%, com mais sete pontos.

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“A própria autoridade monetária já deixou muito claro o cenário que temos, de segurar os juros em meio a uma incerteza fiscal. É um ponto sensível. Nada impede que o cenário venha a ser de corte de juros, basta o governo trazer um compromisso fiscal, com meta de ancoragem”, explica Moura.

Ações de crescimento, alavancadas e exportas ao cenário interno foram destaque entre as baixas do Ibovespa. Os papéis ordinários da Méliuz (CASH3) perderam 7,45%, as da CVC (CVCB3), 6,72%, e as da Yduqs (YDUQ3), 6,41%.

A combinação entre cenário externo e interno, por fim, foi responsável pela alta do dólar, que se fortaleceu 0,42% frente ao real.

“O dólar acelerou a alta após CPI (inflação) nos EUA. Apesar do resultado vir em linha com as estimativas, reforçou a ideia de que ainda não atingiram a desejada curva de desinflação, reduzindo cada vez mais as apostas para um corte nos juros do país este ano”, debate Diego Costa, Head de Câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “Esse movimento favorece a busca por proteção de capital em uma divisa mais segura, valorizando o dólar sobretudo frente as moedas de países emergentes”.