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O Ibovespa fechou nos 118.695 pontos, com alta de 0,72%, nesta quarta-feira (20), em dia marcado pela manutenção da taxa de juros nos EUA, pelo Federal Reserve, no intervalo entre 5,25% e 5,5%, agora à tarde, e com investidores à espera, após o fechamento do mercado, da decisão do Banco Central brasileiro, em relação à taxa Selic.
A Bolsa brasileira, assim, foi na contramão de Nova York, onde Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,22%, 0,94% e 1,53%. Por lá, investidores interpretaram que a autoridade monetária americana foi dura ao sinalizar juros mais altos por mais tempo e, até mesmo, indicar nova alta de 25 pontos-base, até o fim do ano.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que o conjunto de informações desta quarta-feira pode ser considerado “hawkish”. “Não só mantém a previsão de mais uma alta para este ano, mas também coloca previsões de juros mais altos nos dois próximos anos”, avalia ele.
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Pelas projeções, a taxa final, dos juros nos EUA, fecharia 2023 em 5,6% (mesma estimativa de junho), o que sugere nova alta de 25 pontos base na reunião de novembro ou de dezembro. Mas o sumário divulgado hoje elevou a projeção de juros para 2024, dos 4,6% anteriores para 5,1%, enquanto a estimativa para 2025 avançou de 3,4% para 3,9%.
“Isso vai contra o que o mercado esperava, já que precificava taxas menores. Aparentemente isso não será possível e, agora, temos essas reprecificações”, fala Cruz.
Bolsa, dólar e juros
Os treasuries yields, por lá, subiram na ponta curta e na longa. Os para dois anos ganharam 5,8 pontos-base, a 5,167%, e os para dez anos, três pontos, a 4,397%.
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O dólar ganhou um pouco de força mundialmente, com o DXY, que mede a força da divisa americana frente a outros de países desenvolvidos, subindo 0,13%, aos 105,33 pontos. Frente ao real, a alta foi de 0,14%, a R$ 4,879 na compra e a R$ 4,880 na venda.
Os juros no Brasil fecharam sem direção exata e com variações pequenas, com investidores ainda interpretando as sinalizações que vêm dos Estados Unidos.
Os DIs para 2024 perderam 1,5 ponto-base, a 12,25%, mas os para 2025 ganharam dois pontos, a 10,51%. As taxas dos contratos para 2027 subiram um ponto, a 10,45%; dos contratos para 2029 ficaram estáveis, em 10,98%; e as dos para 2031 perderam dois pontos, a 11,28%.
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Copom
“A pausa no aumento da taxa de juros, pelo menos, mantém um pouco de capital na Bolsa brasileira, já que há aumento no fluxo. Isso traz alguma força para a nossa Bolsa e para a nossa moeda”, diz Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “O mercado vai olhar, agora, com mais atenção o nosso Copom [Comitê de Política Monetária]”.
Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, também afirma que o mercado brasileiro está cauteloso com o Copom, apesar da queda de 50 pontos, para 12,75%, quase certa.
Ações do Ibovespa
Entre as maiores altas do Ibovespa ficaram os papéis preferenciais da Azul (AZUL4), com mais 11,68%, após a companhia receber recomendação de compra do Goldman Sachs. As ordinárias da CVC (CVCB3) e as preferenciais da Gol (GOLL4) surfaram a mesma onda e subiram, respectivamente, 7,62% e 6,09%.
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Companhias de commodities também puxaram a alta. As ações ordinárias da Suzano (SUZB3) subiram 4%, na esteira do anúncio de que a companhia irá aumentar seus preços no próximo trimestre.
Já CSN Mineração (CMIN3) e Vale (VALE3) subiram 1,34% e 0,67%, na sequência, diante dos sinais de estabilização econômica na China, o que ajuda a compensar as preocupações com o setor imobiliário, em dificuldades no maior produtor de aço do mundo.
Por fim, empresas de utilidades e os bancos também ajudaram o Ibovespa a fechar no verde.